A nova geração de trajes espaciais dos astronautas que voltarão à Lua na missão Artemis 3 é uma verdadeira revolução quando comparada aos modelos usados na primeira visita a nosso satélite há 54 anos, na Apollo 11
Rosália Vasconcellos, Tilt
A nova geração de trajes espaciais dos astronautas que voltarão à Lua em 2025 na missão Artemis 3, da Nasa, é uma verdadeira revolução quando comparada aos modelos usados na primeira visita a nosso satélite há 54 anos, na Apollo 11.
“Não é apenas uma evolução de design”, disse Peggy Whitson, astronauta veterana e comandante da missão AX-2 para a ISS (Estação Espacial Internacional).
A Nasa já investiu US$ 228,5 milhões no desenvolvimento do novo modelo, feito pela Axiom Space. E deve gastar até US$ 3,5 bilhões em trajes para serem usados na Lua e na ISS até 2034.
Fácil de vestir, flexível e permite correr longas distâncias
Talvez a evolução mais relevante do traje, apresentado ao mundo nesta quarta-feira (15), seja a maior mobilidade e flexibilidade para os astronautas.
Na prática, a ideia é que o novo uniforme, apelidado de AxEMU, se adapte melhor aos diferentes tipos de corpos. Um dos propósitos do programa Artemis é levar a primeira mulher para pisar na Lua.
A maior maleabilidade vai permitir que os astronautas realizem atividades com mais desenvoltura, o que pode evitar acidentes e até mesmo reduzir a fadiga provocada pelo peso da roupa.
Os engenheiros envolvidos na elaboração do traje espacial explicam que os astronautas poderão andar longas distâncias com maior conforto, ter autonomia de movimentos e mais capacidade de manobra, além de se comunicarem pelos sistemas da Nasa.
Os trajes usados na Apollo 11, por outro lado, eram mais volumosos e rígidos. Durante a missão Apollo 17, de 1972, chegaram a provocar a queda de astronautas durante caminhadas.
Nasa não fez os trajes
Durante 15 anos, a Nasa desenvolveu seus próprios trajes espaciais. Desta vez, o trabalho foi terceirizado para a empresa Axiom Space, que usou da metade do projeto original da agência espacial norte-americana.
Os novos trajes são projetados para terem mais mobilidadeRussell Ralston, vice-gerente do programa EVA (Unidade de Mobilidade Extraveiculuar de Exploração, na sigla em inglês) na Axiom Space.
Há outra diferença importante: os novos uniformes são mais fáceis de vestir.
Capacete iluminado
O novo capacete tem o objetivo de oferecer maior visibilidade. Ele tem uma faixa de luz ao redor de toda a cabeça, que ajudará os astronautas a enxergarem. Em 2025, eles pousarão no polo Sul da Lua, uma área que não é iluminada pelo Sol.
Graças à flexibilidade que a roupa dá aos braços dos astronautas, a iluminação poderá ser acionada facilmente a qualquer momento.
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A lateral traseira do capacete conta com câmeras de vídeo que farão gravação em HD tanto da Lua quanto da nave espacial.
Luvas e botas quentinhas
Para proteger os astronautas contra as baixíssimas temperaturas, as novas botas possuem um isolamento térmico maior do que a dos calçados utilizados pelos tripulantes do programa Apollo.
As luvas foram feitas para considerar os efeitos de microgravidade, aumentando a capacidade dos dedos de pegar e segurar objetos com mais firmeza.
Segundo a Nasa, são “proteções adicionais contra os perigos na Lua”.
Trajes voltarão a ser brancos
Antes de seguir para a Lua, a Axiom Space vai testar o traje em um ambiente que simule o espaço. O local escolhido é o Laboratório de Flutuação Neutra do Johnson Space Center, em Houston, no Texas (EUA).
Embora o protótipo apresentado seja preto, a versão final, feita dos materiais Mylar e Kevlar, provavelmente será toda branca como os tradicionais uniformes da Nasa. Esta cor oferece mais conforto térmico, por refletir luz e radiação (o preto, ao contrário, absorve).