*Danilo Espindola Catalano
Eu como disse nos meus stories em meu Instagram, não estou aqui para dar Ibope a uma cantora, para ser falada e ganhar marketing, mas estou aqui, para falar sobre dois pontos importantes:
1 – Desvalorização do professor.
2 – Proibição da sexualidade.
Assim como é fácil para essa cantora diminuir os professores de forma surpreendente, em se tratando de questões de classe, só por que ganham menos do que ela, como se o dinheiro que ela recebe em shows, fizessem ela melhor que qualquer outra pessoa, além de ter sido desrespeitosa em diversos fatores, ela encorajou adolescentes a deixarem de estudar, como se o dinheiro fosse tudo, neste pronunciamento dela, está claro que não é, pois se fosse, ela teria refletido melhor para abrir a boca.
Como digo em meu livro, Erotismo e Pornografia: a explicação do proibido, e sempre acreditei em minha vida, só a educação pode mudar o mundo e não é o que meus companheiros estão fazendo gerando e retornando o ódio de quem o criou, para a própria pessoa, atacando-a na mesma moeda.
Como professor, obviamente me senti ofendido, mas nunca irei diminuir um artista que seja, até porque estaria agindo da mesma forma que essa pessoa, que de nada vale perder forças e nem noites em claro. Vocês estão sem foco no que atacar, que é na artista e não em suas músicas ou produções artísticas, que é sim arte popular e qualquer professor que se preze iria entender e refutar essa arte.
Assim como em minhas aulas, eu refuto e mostro que é possível aprender com letras de reggaetón, é possível o mesmo com as músicas do funk, principalmente com a do “proibidão”.
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Vamos refletir sobre os fatos ocorridos e não vamos ficar batendo em cachorro morto?
Se você prefere isso, venha comigo!
Músicas sexualizadas, representações de problemas sexuais da sociedade, são coisas que estamos diariamente vendo nas redes sociais ou qualquer meio, é interessante que, quando isso escandaliza um pouco mais do que o “compreensível” as pessoas logo censuram ou cancelam. Até porque, realmente, é muito mais fácil fazer isso do que o que lhes estou propondo neste texto, por isso mesmo demorei para postar.
Uma cantora por ser mulher tem que ser diminuída por cantar funk proibidão e ousar na sexualidade? Pois, o que ela faz é o que estamos diariamente fazendo, mas não é explicitado ao nossos olhos e veja, os professores e a própria sociedade estão escondendo.
A pedofilia é um crime, uma anomalia da nossa sociedade, que existe por conta da vulnerabilidade de pessoas menores de uma determinada idade e que devem ser protegidas pela sociedade, sendo este o principal “tiro no pé” desta estrutura social, (se é que posso chamar assim), pois no sexo, as pessoas querem sair das regras sociais estabelecidas e principalmente, se sentirem no domínio do outro, em se tratando do ser masculino, pois ele como regra machista, tem que estar no controle.
É só abrir qualquer site de vídeos pornográficos sexuais, que você irá ver dezenas ou até milhares de vídeos em que mulheres jovens, se vestem como colegiais, como menininhas menores. Ao mesmo tempo nas redes sociais, vemos meninas menores, dançando de forma sexual, também temos diariamente em músicas ou até em trends do Tiktok exacerbando o fato de que a “novinho faz melhor”, ou o novinho.
Será que a sexualidade atrelada ao infantil, é algo de uma artista, ou que devemos refletir sobre a nossa sociedade?
Até por que os casos mencionados não vem de uma artista única, mas de diversos cantores e até dos famosos influencers, que nada mais fazem do que apoiar uma característica, que pode resultar em gravidez precoce ou até mesmo em estupro.
Mas ninguém reflete sobre estes problemas e por isso, seguimos com ele, cada dia sendo explorados de forma mais explícitas, escancarando na nossa cara, (de fato, só falta isso estapear o nosso rosto), de que devemos refletir e fazer alguma coisa, pois estes problemas sexuais não estão deixando de existir ou sendo sanados apenas com as atitudes tomadas até então. Pelo menos eu não vejo e talvez a prova disso seja a existência de uma artista que ousa cada vez mais ao extremo.
Ou seja, professores e querida artista, vocês dois tem o seu valor na sociedade, nenhum dos dois é maior ou melhor que o outro, pois um cria o que se espelha na sociedade, sem nem perceber e o outro, como fiz neste texto, reflete sobre tal, para poder mínimamente tentar mudar o mundo.
Nosso papel como professor não é diminuir, mas refletir!
*Danilo Espindola Catalano é escritor, pesquisador e professor de espanhol, dedicado a passar a cultura latino-americana aos seus alunos. Graduado em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, pós-graduado em Metodologia do Ensino da Língua Espanhola e Especializando em Educação e Cultura pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais Brasil.
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