Jair Bolsonaro

Bolsonaro diz que vai entregar presentes da Arábia Saudita “com dor no coração”

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Bolsonaro agora afirma que nunca houve o objetivo de "sumir com esse material". Retorno ao Brasil está "quase certo" para o fim do mês, diz o ex-presidente

Jair Bolsonaro e príncipe Mohammed bin Salman

Cristiane Agostine, Valor 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que entregará “com dor no coração” as armas recebidas dos Emirados Árabes Unidos e disse que sua intenção era ficar com o armamento. Ele afirmou que também entregará as joias que disse ter recebido de autoridades da Arábia Saudita. Em entrevista à “Record TV”, o ex-presidente declarou ainda que pretende voltar ao Brasil no fim deste mês, no dia 30. Bolsonaro está desde 30 de dezembro nos Estados Unidos.

Confesso: com dor no coração, vou entregar as armas. Com dor no coração”, disse. “Eu pagaria o que tenho no meu bolso aqui por aquelas duas armas, mas não vamos criar qualquer polêmica no tocante…”, afirmou o ex-presidente. Bolsonaro concedeu a entrevista na Flórida, onde participou de um evento com empresários numa universidade.

O ex-presidente disse que as armas estão em um quartel do Exército, mas não quis falar onde estão as joias. “Não vou falar por questões óbvias de segurança”.

Na quarta (22), o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu que Bolsonaro deve entregar numa agência da Caixa Econômica Federal, em Brasília, as joias que recebeu de presente da Arábia Saudita em 2021. O acervo incluiria um relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário, todos da marca suíça de diamantes Chopard. O TCU determinou também que as armas sejam enviadas à sede da Polícia Federal, em Brasília. O armamento (uma pistola e um fuzil) foi dado a Bolsonaro como um presente pelos Emirados Árabes Unidos em 2019.

O tribunal ainda determinou que o conjunto de joias e relógio avaliado em R$ 16,5 milhões, que seria para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e foi retido pela Receita, no aeroporto de Guarulhos (SP), em 2021, também seja enviado à Caixa. As joias estavam na mochila de um militar, que à época era assessor do então ministro Bento Albuquerque.

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Ao falar sobre as joias, Bolsonaro disse que não tinha a “ideia de sumir com esse material” e afirmou que os bens “estão à disposição”.

Retorno ao Brasil

Na entrevista, o ex-presidente afirmou que teria uma passagem para retornar dos Estados Unidos ao Brasil marcada para a manhã do dia 30 de março. Bolsonaro disse que pretende trabalhar no PL, viajar pelo país e “manter de pé” a bandeira do “conservadorismo”. Ao falar com a Record TV, o ex-presidente reconheceu que sua gestão teve erros, mas disse que não agiu “fora dos quatro limites da Constituição”. Ao longo do mandato, no entanto, Bolsonaro fez diversas ameaças à democracia e a instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF).

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O ex-presidente disse “lamentar” pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, quando aliados radicais destruíram as sedes dos Três Poderes na capital federal, e tentou colocar a culpa do vandalismo na esquerda. “Foi uma armadilha feita pela esquerda”, disse. Para tentar justificar, afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não quer abrir uma CPI no Congresso para investigar os atos terroristas.

Michelle Bolsonaro

Bolsonaro descartou a possibilidade de sua mulher, Michelle Bolsonaro, disputar um cargo do Executivo nas próximas eleições. A ex-primeira-dama tem sido cotada pelo PL como eventual nome para a Presidência em 2026, caso o ex-presidente fique inelegível. “Ela [Michelle] não quer disputar nenhum cargo no Executivo. Não quer e não vai disputar, segundo ela me disse”, afirmou.

Sergio Moro

O ex-presidente insinuou ainda que Lula poderia ter alguma ligação com ameaças feitas por integrantes de uma facção criminosa ao ex-juiz e senador Sergio Moro (União-PR). Um dia antes de a Polícia Federal deflagrar uma operação para prender suspeitos que planejavam a morte de autoridades, Lula fez críticas a Moro em uma entrevista.

“É uma tremenda coincidência”, insinuou Bolsonaro. “Se bem que quando fala em inteligência, não existe coincidência”, disse na entrevista, citando declarações críticas de Lula ao ex-juiz.

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