Faxineira é proibida de esquentar comida na casa de cliente e desabafa: "Também sou ser humano"
Episódio aconteceu em Ipanema, área nobre do Rio de Janeiro. Na hora do almoço, a faxineira foi impedida de usar o microondas da casa para esquentar a própria marmita. "Não adianta ser doutor e não ter educação e respeito pelos outros", desabafou a trabalhadora
Uma diarista deixou um apartamento em Ipanema, no Rio de Janeiro, após ser impedida pelos clientes de esquentar o próprio almoço que havia levado em uma marmita. Ela ouviu do dono do apartamento que “os aparelhos domésticos eram só para os moradores da casa”
O desabafo da mulher repercutiu nas redes sociais e gerou indignação. “Assim que cheguei, cumprimentei ele com um ‘bom dia’, mas senti ele meio assim, não muito a fim de responder. Mas é um direito dele responder ou não. Fui para os meus afazeres, até aí tudo normal. Sempre que eu vou fazer uma faxina, eu pergunto se posso ou não beber água ou esquentar comida”, relatou.
“Quando perguntei a esse senhor, ele disse que eu não poderia usar o microondas porque é de uso dos moradores do apartamento. Eu olhei e perguntei novamente. Ele me respondeu mais uma vez e disse que os aparelhos domésticos são para os moradores da casa. Eu respirei, troquei de roupa e comuniquei a ele que estava indo embora”.
“Fui embora para minha casa. Larguei a faxina pra lá! Não poder esquentar meu almoço? Que é isso, gente? Diarista ou faxineira é ser humano igual a vocês. Não adianta ser doutor e não ter educação e respeito pelos outros”, escreveu Marcelle Oliveira, de 34 anos.
Marcelle disse que não pretende processar o homem. “Imagina eu, negra, doméstica, processar um homem branco e doutor que com certeza tem advogado. Não vale a pena, não. Eu publiquei na hora da minha revolta, pra que todos vejam a forma desumana que tem gente que trata os outros”.
A trabalhadora desabafou em outro post sobre os comentários recebidos. “Quando eu posto sobre os clientes que me tratam com respeito e carinho, sempre comentam que isso é o mínimo. Sim, eu sei que é o mínimo, mas infelizmente não é sempre assim”, relatou a profissional.
“Quem faz trabalho doméstico ou trabalha com atendimento público sabe bem como é . Nós que fazemos trabalho doméstico não somos menos gente do que você que tem diploma. Todos os profissionais, sejam em qual área for, merecem reconhecimento e respeito. Se vocês precisam do nosso trabalho é sinal de que nosso serviço é essencial”, finalizou a diarista.
Em seu pefil no Twitter, Marcelle compartilha que divide seu tempo entre faxinas e uma confeitaria, fazendo doces sob encomenda.
Estou indo pra minha casa larguei a faxina pra lá
Não poder esquentar meu almoço que isso, gente diarista ou faxineira e ser humano igual a vocês
Não adianta ser doutor e não ter educação e respeito pelos outros— fala mesmo Marcelle ✊🏿 (@MarcelleBolive1) February 27, 2023
