Redação Pragmatismo
Europa 03/Mar/2023 às 15:48 COMENTÁRIOS
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Irmã de brasileiro morto em Amsterdã desabafa: "Meu irmão não era canibal"

Publicado em 03 Mar, 2023 às 15h48

Mãe também defende Alan Lopes e diz que história está mal contada: "Ele tinha um coração gigante". Natural de Brasília, Alan foi assassinado na Holanda pelo mineiro Begoleã Fernandes, detido no aeroporto de Lisboa com carne humana. Ao ser preso, o rapaz alegou que agiu em legítima defesa e acusou Alan Lopes de canibalismo. Autoridades holandesas descreveram Begoleã como "perigoso e psicótico"

Begoleã Fernandes Alan Lopes
Begoleã Fernandes (esq) e Alan Lopes ao lado da irmã (dir)

Begoleã Fernandes, 26, é o brasileiro que foi preso no aeroporto de Lisboa, em Portugal, na última segunda (27/2), por carregar carne humana na mala. Ele pretendia embarcar para Belo Horizonte, em Minas Gerais, mas levantou suspeitas do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) por apresentar um cartão de identidade italiano e portar documentos em nome de terceiros.

Horas antes de ser detido no aeroporto de Lisboa, Begoleã teria assassinado o amigo Alan Lopes, de 21 anos. O crime aconteceu na cidade de Amsterdã, na Holanda. Begoleã alegou que agiu em legítima defesa e acusou Alan de canibalismo.

Kamila Lopes, 25, irmã mais velha de Alan, negou que ele fosse canibal. “No dia do crime, eu, minha outra irmã e meus pais estávamos viajando para Paris e meu irmão se encontrava sozinho em casa. As acusações de Begoleã não têm o menor sentido […] Meu irmão conhecia esse rapaz há mais de 3 anos. Era uma pessoa frequente na minha casa”.

Alan trabalhava em um açougue. Os áudios enviados por Bagoleã diziam ainda que a vítima teria consentimento da família para matar pessoas no trabalho. “A perícia está aí para isso. Do jeito que meu irmão entrava, ele saía. Era o chefe do açougue recebendo e trancando a loja”, rebateu a irmã da vítima.

“Não sei se em algum momento ele [Begoleã Fernandes] estava com alguma alteração psicológica e criou isso na cabeça dele, acreditou. A gente não sabe, de verdade, como, quando, onde e porque isso de fato aconteceu, o que ele criou na mente dele para acreditar em uma história dessa”, acrescentou Kamila.

Antônia dos Anjos Lima, de 45 anos, disse que o filho Alan Lopes tinha um coração gigante e era amado por todos. Alan nasceu no Distrito Federal e foi morar em Amsterdã, com a mãe, em 2016, aos 14 anos. “Vim morar aqui para tentar uma vida melhor”, afirmou Antônia , que trabalha na limpeza de uma escola no centro de Amsterdã.

De acordo com ela, o filho terminou o ensino médio no país e trabalhava como açougueiro. Fluente em quatro idiomas, Alan sempre estava alegre e conseguia fazer todo mundo sorrir, segundo a mãe.

“Quem se aproximava de Alan sempre estava rindo. Ele tinha um coração gigante e queria ajudar todo mundo. Meu filho chegou a fazer vaquinha para ajudar as pessoas que estavam na Turquia e sofreram com os desastres”, afirmou Antônia.

Alan Lopes ajudava Begoleã

Amigos e familiares de Alan Lopes, o brasileiro encontrado morto esfaqueado em sua casa na cidade holandesa de Amsterdã no último domingo, relataram que ele ajudava, com abrigo, roupas e dinheiro, o principal suspeito do assassinato, Begoleã Fernandes, que passava por dificuldades financeiras e não tinha residência fixa. Ao jornal holandês Het Parool, um dos amigos de Lopes, Marco Cunha, disse que Begoleã teria se envolvido com drogas e trabalhava como entregador de aplicativo.

“Ele [Begoleã] passava por dificuldades, a carreira nas artes marciais não engrenou e ele enlouqueceu em pouco tempo. Ele estava drogado e isso o deixou louco. Seu cérebro simplesmente parou de funcionar”, disse Marcos Cunha.

Entenda o caso

Begoleã foi preso no aeroporto de Lisboa quando tentava viajar para Belo Horizonte. A sua roupa tinha vestígios de sangue. O IML concluiu que a carne em sua mala era de origem humana, mas não tem relação com a morte de Alan, segundo informação da polícia holandesa e da família da vítima, que disse que o “corpo estava inteiro”.

À imprensa portuguesa, Carla Pimentel, mãe do brasileiro preso, repetiu a versão apresentada pelo filho e disse ter aconselhado Fernandes a fugir para o Brasil.

Begoleã é descrito pelas autoridades holandesas como “perigoso, psicótico e com treino de artes marciais”. A avaliação consta em documento encaminhado para a Justiça de Portugal. Após ser preso, ele disse que trabalhava clandestinamente há três anos como motoboy na Bélgica e não tinha residência fixa. Nas redes sociais, Fernandes se define como “2% gênio e 98% louco”, que gosta de MMA, história e toca guitarra.

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