Redação Pragmatismo
EUA 31/Mar/2023 às 16:15 COMENTÁRIOS
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O que acontecerá com Donald Trump após o indiciamento

Publicado em 31 Mar, 2023 às 16h15

Donald Trump é o primeiro ex-presidente dos EUA a ser acusado de um crime, no ponto alto de uma disputa definida por um escândalo sem precedentes. Trump agora está ameaçado de ser preso a qualquer momento. Analistas acreditam que, por se tratar de um ex-presidente, ele não seria algemado

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Donald John Trump

Deutsche Welle

Donald Trump se tornou o primeiro ex-presidente dos EUA a ser acusado de um crime, no ponto alto de uma disputa política definida por um escândalo sem precedentes. A votação do grande júri de Manhattan para indiciar o republicano sob acusações de fraude empresarial relacionada a pagamentos secretos a duas mulheres feitos em seu nome durante sua campanha presidencial de 2016 coloca o agora candidato Trump em uma nova era de risco legal e complica sua tentativa de retornar à Casa Branca.

Eis os principais pontos sobre a acusação e o caso:

Trump pode já ser preso?

Sim. Trump agora está ameaçado de ser preso após décadas investigações que nunca resultaram em consequências graves. A promotoria distrital de Manhattan disse nesta quinta-feira (30) que os promotores procuraram os advogados de Trump para providenciar que o ex-presidente se apresente à Justiça, o que deve ocorrer no início da próxima semana. Caso ele não apareça voluntariamente, existe ameaça de que sua prisão seja decretada.

A expectativa, entretanto, é que ele compareça voluntariamente ao Ministério Público, onde será formalmente processado, deixará suas impressões digitais e será fotografado. Muitas vezes nessas ocasiões o indiciado é colocado em algemas, mas não há informações sobre se isso ocorreria no caso de Trump. Analistas acreditam que não, por se tratar de um ex-presidente.

Ele também deve comparecer ao tribunal, quando um juiz listaria as acusações e a defesa de Trump entraria com um apelo. É considerado quase certo que Trump poderá ir para casa depois de cumprir essas formalidades.

Trump ainda pode concorrer à presidência?

Caso Trump se declare “não culpado”, o que quase certamente ocorrerá, o juiz marcará uma data para início do processo. Antes disso, devem ocorrer audiências nas quais a defesa do ex-presidente tentará implementar recursos protelatórios para dificultar o andamento do processo.

Trump terá, assim, que enfrentar um processo criminal enquanto concorre pela terceira vez à Casa Branca, o que vai desviar tempo e atenção de sua campanha. Entretanto, nem o processo nem uma condenação o impediriam de concorrer ou mesmo ganhar a presidência em 2024.

Qual o motivo do indiciamento?

O caso decorre do pagamento pelo silêncio de mulheres que teriam se envolvido sexualmente com Trump. O grande júri em Manhattan esteve investigando pagamentos de suborno no auge da campanha presidencial de 2016 a duas mulheres que alegaram encontros sexuais com o ex-presidente.

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Atriz pornô Stormy Daniels é uma das pivôs do caso

O ex-advogado de Trump Michael Cohen, uma das testemunhas que depôs, diz que orquestrou pagamentos totalizando 280 mil dólares: 130 mil dólares para a atriz pornô Stormy Daniels e 150 mil dólares para a ex-modelo da Playboy Karen McDougal. Cohen disse que transferiu as quantias pouco antes da eleição presidencial em 2016 e foi posteriormente reembolsado pela Organização Trump.

Os promotores de Nova York acusaram Cohen em 2018 e afirmaram que os pagamentos eram contribuições de campanha impróprias porque pretendiam evitar danos a Trump pouco antes da eleição. O advogado de Trump então se declarou culpado e foi preso por violar a lei federal de financiamento de campanha.

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Pagar pelo silêncio de pessoas não é ilegal nos Estados Unidos. No entanto, a ocultação do ato em balanços financeiros, sim – especialmente quando isso pode constituir doação ilegal de campanha.

A promotoria distrital de Manhattan parece estar investigando se alguém cometeu crimes ao organizar os pagamentos ou a forma como a transferência financeira foi contabilizada internamente na Organização Trump. Mas as acusações específicas envolvidas no caso – que somariam mais de 30, de acordo com a mídia americana – permaneciam sob sigilo nesta quinta-feira.

O que diz Trump

Trump, que nega ter mantido encontros sexuais com as mulheres, chamou a acusação de “perseguição política” e uma tentativa de interferir em sua campanha presidencial. Chamando a si mesmo de “uma pessoa completamente inocente”, ele classificou a acusação como a mais recente de uma série de ações que ele diz serem projetadas para “destruir” seu movimento Make America Great Again, incluindo seus dois processos de impeachments presidenciais e a busca do FBI em sua casa que revelou documentos secretos.

“Os democratas mentiram, trapacearam e roubaram em sua obsessão por tentar ‘pegar Trump'”, disse ele em um comunicado.

No início deste mês, Trump disse que sua prisão era iminente e pediu seus apoiadores para protestarem. Na semana passada, ele alertou sobre “potenciais morte e destruição” se ele fosse acusado.

Suas palavras lembraram seus comentários antes da violenta insurreição de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio dos EUA. Trump não repetiu seu apelo para protestar na quinta-feira, mas as forças policiais em todo o país estão em guarda para possíveis distúrbios.

Quais as outras investigações contra Trump?

O indiciamento atual ocorre em meio a várias outras investigações, acumulando problemas legais para o ex-presidente. Esses casos pendentes, juntamente com um julgamento civil programado para começar no próximo mês em Nova York sobre as alegações de uma jornalista de que Trump a estuprou na década de 1990, somam-se a uma nuvem cada vez maior de escândalos que o cercam.

No nível federal, o Departamento de Justiça está investigando a retenção de documentos ultrassecretos do governo em sua propriedade de Mar-a-Lago, na Flórida, e os esforços de Trump e seus aliados para mudar os resultados das eleições de 2020.

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Os esforços de muitos dos mesmos atores neste último caso também foram assunto de uma investigação especial no estado da Geórgia. O representante do painel disse que o grande júri especial recomendou várias acusações criminais, deixando para a procuradora Fani Willis, do condado de Fulton, uma democrata, a decisão sobre se convocará um grande júri regular, buscando abrir acusações criminais.

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