Racismo não

Racismo: Aluno ‘presenteia’ professora negra com esponja de aço em escola do DF

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A professora de português aparece constrangida ao ser surpreendida com o "presente" e estudantes afirmam que "ela chorou muito depois". Diretora da instituição de ensino disse ter alertado os pais do aluno sobre o comportamento racista do jovem

Uma professora de português foi vítima de racismo em sala de aula no Centro de Ensino Médio (CEM) em Ceilândia, no Distrito Federal. O episódio aconteceu no último dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher.

Na ocasião, um aluno de 17 anos presenteou a educadora, que é negra, com uma esponja de aço. A mulher fica visivelmente constrangida. “Vou aceitar, porque tudo o que vem, volta”, disse ela.

Um estudante do CEM relatou que a professora foi vista minutos depois “chorando muito”. O aluno racista teria sido repreendido por outros estudantes após o ocorrido. “Ele [o racista] xingou todo mundo que o criticou e chamou de ‘beta’”.

O termo “beta” é muito utilizado dentro de um universo de misoginia para dizer que o homem é submisso à mulher.

“Alunas mulheres e negras ficaram muito ofendidas com aquilo. Quando eu e minha namorada soubemos, denunciamos para a direção”, disse o garoto que testemunhou a repercussão na escola. Em um áudio enviado a grupos de WhatsApp, o aluno que deu a esponja de aço para a professora chegou a ameaçar repetir a atitude com outras meninas.

O que diz a escola

Em conversa com a TV Globo, a diretora da escola disse que já conversou com o aluno, de 17 anos, e pediu que ele escrevesse um texto com um pedido de desculpas, para ser lido em classe.

A diretora disse ainda que os pais do aluno foram alertados sobre o comportamento racista do jovem. E informou que a professora de português começou a trabalhar este ano na escola.

A diretora também afirmou que não procurou a delegacia de polícia para registrar a ocorrência porque ainda não teria conversado com a professora.

A delegada de repressão aos crimes de discriminação racial informou à TV Globo que esse é um crime de racismo, porque atinge uma coletividade. Uma investigação deve ser conduzida pela Delegacia da Criança e do Adolescente de Taguatinga.

O Sinpro (Sindicato dos Professores do Distrito Federal) repudiou a atitude do estudante e pediu rigor na punição. “É lamentável um episódio como esse contra uma professora em exercício de sua profissão dentro da sala de aula. Precisa ser apurado com o rigor da lei. É apenas mais um exemplo de como os professores muitas vezes são tratados em sala de aula. Os professores precisam ser valorizados, os professores merecem respeito”, disse Samuel Fernandes, presidente do Sinpro (Sindicato dos Professores do Distrito Federal).