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Se não fosse o nordestino

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Imagem: SINASEFE

*Danilo Espindola Catalano

O paulista vê o nordestino apenas como sendo uma enorme Bahia, mas isso na verdade é o de menos, o que mais chama a atenção é a xenofobia que se cria em cima disso, sendo que foram os nordestinos que botaram São Paulo de pé, construindo suas vias e grandes arranha céus.

Mas então, os termos pejorativos criados com o nome, “bahiano”, não é uma criação meramente xenofobica, mas principalmente, mas é também classista, isso por conta dos motivos pelos quais os nordestinos saem de suas terras, para mudar de vida com o sonho de ter uma vida financeira melhor, o que em de tratando de felicidade, pode muitas vezes, ter sido melhor ter ficado no nordeste.

A recepção que oferecem dos paulistas, não é de passividade, isso, ocorre porque seu estilo de vida é extremamente diferente do visto no sudeste, principalmente em se tratando do clima, mas não é só isso, é também pelos trabalhos que são aceitos por eles, que em sua maioria são marginalizados e de baixa renda.

É o nordestino que ousa estar em uma cidade enorme, que não lhe aceita, para trabalhar em trabalhos que exigem muito mais de seu corpo, mas mesmo assim, tem que ouvir até mesmo que são “preguiçosos” e “folgados”.

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Não é surpresa a atitude xenofobica do paulista ou do paulistano, pois não é somente o nordestino que tem que aguentar esse tipo de atitude, os bolivianos, haitianos, paraguaios e africanos, que vem também, mas que em sua grande maioria são refugiados.

Conhecendo o nordeste, podemos ver que são pessoas além de trabalhadoras, o que obviamente não é nenhuma qualidade, só em nosso mundo capitalista em que tudo se resume a um papel enumerado. Mas sobretudo, o nordestino é estudioso, reflete sobre a sua vida, sabe lidar com as adversidades da vida, o que realmente são virtudes importante, até por isso, são referência na educação, além de localização em que vieram diversos intelectuais importantíssimos para o Brasil.

São Paulo só é o que é por causa do nordeste, o Brasil, só é o que é por causa do nordeste, se não fosse por está região, continuaríamos sendo um país dependente do seu colonizador.

*Danilo Espindola Catalano é escritor, pesquisador e professor de espanhol, dedicado a passar a cultura latino-americana aos seus alunos. Graduado em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, pós-graduado em Metodologia do Ensino da Língua Espanhola e Especializando em Educação e Cultura pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais Brasil.