Notícias

Thiago Brennand torturava filho com máquina de choque elétrico, diz testemunha

Share

Thiago Brennand torturava filho de 5 anos com máquina de choque elétrico e chegou a abrir a cabeça do menino com cotoveladas e golpe de muleta. O menino é filho único de Brennand, que permanece em liberdade. Durante anos a mãe acionou a Justiça pela guarda do filho, mas ela foi concedida ao pai. O homem possuía 67 armas e dizia combater esquerdistas: "Morrem de inveja porque sou branco, conservador, armamentista e heterossexual inegociável"

Thiago Brennand ao lado do filho, hoje com 17 anos

Réu em seis processos por crimes de estupro e lesão corporal, o empresário Thiago Brennand é acusado de agredir o próprio filho com choques elétricos. A afirmação foi feita no domingo (4/3), por um ex-funcionário de Brennand, em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo. “Thiago Brennand, para mim, é um cara desumano. Ele fazia muito mal com as pessoas”, denuncia o rapaz.

O filho do empresário hoje tem 17 anos. O garoto passou a morar com o pai aos dois anos após o divórcio. A mãe tentou a guarda na Justiça, mas teve o pedido negado.

O ex-funcionário diz ter presenciado várias agressões ao menino. O homem descreve que o homem abriu a cabeça do filho com ‘cotoveladas’ e até com um ‘golpe de muleta’. “Teve uma época que eu tive que esconder uma máquina de choque porque ele batia no menino. Pegava o choque, ficava dando nele”, relata. Na época, o garoto tinha entre “cinco e seis anos”, diz o ex-motorista.

Durante a entrevista, o ex-motorista de Thiago Brennand ainda afirmou que o empresário chegou a ameaçar estuprar a filha do então funcionário. Ela era uma adolescente na época.

Crimes sexuais

Quando se tornou réu por crimes sexuais, em dezembro passado, o empresário Thiago Brennand estava no exterior e teve de ser extraditado a pedido da Justiça. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) acatou denúncia oferecida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) em que ele é acusado de ter estuprado a estudante de medicina e ex-miss São Paulo Stefanie Cohen. Esta é a sexta vez em que Brennand se torna réu na Justiça paulista. Em dois casos, foram expedidos mandados de prisão contra ele.

No caso de Stefanie, a Justiça acatou também as denúncias pelos crimes de registro não autorizado da intimidade sexual e constrangimento ilegal. Conforme o TJ-SP, a Justiça brasileira aguarda o processamento de um pedido de extradição feito ao governo dos Emirados Árabes, país onde Brennand está em liberdade provisória. Ele foi preso pela Interpol em outubro, em Abu Dhabi, mas foi libertado após pagamento de fiança.

Conservador de direita

Nas redes sociais, Thiago Brennand militava em defesa das armas e gabava-se por ser um ‘conservador de direita’. A polícia encontrou 67 fuzis e espingardas na casa do homem.

Após as primeiras denúncias surgirem, Brennand fugiu do Brasil e publicou mensagens em tom de deboche. “Eu tô tranquilíssimo. Tinha algumas opções de países para onde ir”, diz, sem especificar em qual país está. “Estou tranquilo onde estou. Não estou fugindo. Prisão ilegal? Quem que vai se submeter a um Estado de exceção?”, afirma, sem explicar qual seria exatamente esse Estado de exceção.

“Vocês mexeram com a pessoa errada. […] Vocês morrem de inveja. Branco, heterossexual inegociável. Armamentista, obvio. Conservador, sempre”, completa. Brennand também chamou de “pauta comunista” o que considera ser “esse movimento sobre os crimes contra a mulher, que gerou um país que é de causar nojo.”

“Homens e mulheres devem ser iguais. Não permito perguntas sobre isso. No entanto, esse status especial / todo-poderoso que alguns grupos políticos (principalmente esquerdistas/vermelhos) deram às mulheres ao longo dos anos não é apenas pernicioso, mas acende uma guerra de gênero que é retrógrada e extremamente injusta!”.

Em conversa com o Pragmatismo, a psicóloga Márcia Araújo afirma que Brennand se sente acolhido ideologicamente por uma camada que ocupa posições de destaque na atual sociedade brasileira. “Esse discurso violento, de ódio e intolerância às mulheres, quando vem de cima e parte de uma liderança representativa, ele acaba encorajando pessoas que estavam reclusas numa espécie de submundo, com o seu ódio devidamente reprimido. Mas essas pessoas agora se sentem legitimadas a perpetrar e naturalizar a violência”.

Thiago Brennand fez questão de revelar publicamente seu voto na eleição presidencial do ano passado. Após o resultado do primeiro turno, o homem declarou apoio a Bolsonaro e escreveu: “Se Deus quiser, vamos vencer no segundo turno”.