O namorado era sustentado financeiramente pela vereadora e não aceitava o fim do relacionamento. Laudo aponta cenário de extrema violência antes da morte; Rickson Pinto desligou as câmeras da casa e pretendia simular um duplo suicídio; a mulher reagiu e lutou pela sobrevivência até onde conseguiu
A vereadora Yanny Brena Alencar, de 26 anos, foi torturada pelo namorado e assassinada com requintes de crueldade. Os detalhes do crime foram divulgados pela Polícia Civil do Ceará em entrevista coletiva nesta quinta-feira (23).
Rickson Pinto Lucena aplicou um golpe conhecido como “mata-leão” e levou a vereadora arrastada para a sala da casa, onde ela foi amarrada e pendurada, ainda viva. O objetivo era simular um duplo suicídio, explicou o chefe da Polícia Civil do Ceará, Márcio Gutiérrez. A polícia também negou uma versão inicial de que os dois foram encontrados de mãos dadas.
A polícia também concluiu que houve luta corporal e que o homem utilizou bastante força contra Yanny no dia da morte: “procurou subjugar a vítima, que resistiu. Ela tinha lesões de defesa em vários locais, material biológico dele debaixo das unhas”, disse o delegado.
Rickson, que era sustentado financeiramente pela mulher, não aceitava o fim do relacionamento. Ele matou Yanny e se suicidou horas depois.
Rickson Pinto também desligou as câmeras da casa, que deixou de registrar imagens às 17h32 do dia 2 de março, um dia antes das mortes. Ao todo, 25 testemunhas foram ouvidas pela polícia, que ainda analisou mais de 60 horas de imagens de câmeras de segurança da rua e da casa.
As investigações descartaram a presença de uma terceira pessoa, já que a perícia encontrou apenas DNA dos dois no local do crime. “Ela tinha lesões no olho, no queixo, nos braços, lesões de arrasto e de defesa. A perícia indicou que houve uma tentativa de subjugar a Yanny. Ele empregou muita força, inclusive, e ela se defendeu, resistiu até onde conseguiu. Ele chegou a aplicar um mata-leão nela, de forma muito violenta”, diz o delegado.
“Yanny estava extremamente machucada, sofreu muitas lesões, muitas agressões, tinha lesões superficiais de escoriações, tinha lesões na face, no queixo, lesões internas, e a mais importante era a compatível com um mata-leão. Essa vítima foi subjugada antes de ser colocada em uma corda para simulação do suicídio. Naquele momento ela ainda estava viva, isso mostra também a crueldade que foi a situação”, acrescentou.
Yanny Brena (PL) era presidente da Câmara Municipal de Juazeiro do Norte. Uma amiga da vereadora disse, em depoimento, que ela ‘não queria mais pagar as contas’ do namorado. Rickson era fã de vaquejadas e de armas de fogo. Os corpos dos dois foram encontrados por uma empregada da casa da vereadora.