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Atentado que matou blogueiro pró-Putin com bomba camuflada foi registrado em vídeos

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Blogueiro era um dos nomes mais conhecidos entre os que defendem a invasão russa na Ucrânia e tinha canal no Telegram com mais de 500 mil membros. Ataque feriu 32 pessoas, oito delas em estado grave. Principal suspeita é jovem de 26 anos

Vladlen Tatarsky e Darya Trepova

O blogueiro Vladlen Tatarsky, um militar pró-Rússia cujo nome verdadeiro é Maxim Fomin, morreu após uma explosão em um café de São Petersburgo. A explosão, registrada em vídeos, foi causada por um artefato entregue de presente a Vladlen.

O blogueiro havia feito postagens na linha de frente da guerra e ganhou notoriedade maior no ano passado depois de postar um vídeo filmado dentro do Kremlin, em uma cerimônia organizada por Putin.

A cerimônia foi a mesma em que Vladimir Putin proclamou a anexação pela Rússia de quatro regiões parcialmente ocupadas da Ucrânia. Essa apropriação de terras foi condenada internacionalmente. São Petersburgo é a cidade natal do presidente Putin, onde ele ganhou notoriedade.

No Telegram, Tatarsky tem mais de 500 mil seguidores. Apesar da sua defesa ferrenha da guerra, ele e outros blogueiros militares já criticaram certos aspectos da campanha russa na Ucrânia.

Tatarsky vivia em Moscou desde 2019, mas nasceu na Ucrânia em 1982, antes da queda da União Soviética.

O atentado

A bomba que matou o blogueiro estava escondida em uma estátua presenteada a Tatarsky em uma caixa. Pelo menos 32 pessoas ficaram feridas com a explosão, 8 delas em estado grave.

O café que sofreu o ataque já foi propriedade de Yevgeny Prigozhin, chefe do notório grupo mercenário Wagner, da Rússia, segundo o site de notícias São Petersburgo Fontanka.

Um grupo chamado Cyber Front Z, que se autodenomina “tropas de informação da Rússia” no Telegram, disse que havia alugado o café para a noite.

“Houve um ataque terrorista. Tomamos certas medidas de segurança, mas infelizmente não foram suficientes”, disse uma postagem do grupo no Telegram. “Condolências a todos que conheceram o excelente correspondente de guerra e nosso amigo Vladlen Tatarsky.”

Suspeita presa

A polícia russa deteve Darya Trepova, principal suspeita pelo atentado. Trepova tem 26 anos, é casada com um membro de um grupo de oposição e já foi presa por participar de uma manifestação contra a guerra.

Darya Trepova é casada com Dmitry Rylov — porém, não se sabe há quanto tempo eles estão juntos. Ele seria membro de um pequeno grupo de oposição chamado Partido Libertário.

Relatos dizem que os dois foram presos em um comício antiguerra em 24 de fevereiro do ano passado, ainda durante o início da invasão da Ucrânia. Ela teria ficado detida por dez dias. “Acredito que minha esposa foi incriminada. Tenho certeza de que ela nunca seria capaz de fazer algo assim sozinha”, disse o marido de Trepova.

VÍDEO registrou momento da explosão: