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Lula assina com a China acordos que vão gerar R$ 50 bilhões em investimentos

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Governos do Brasil e China assinaram 15 acordos, fora os acertados diretamente entre empresas brasileiras e chinesas. Estimativa é que pactos somem R$ 50 bilhões em investimentos. Um dos acordos prevê plano de cooperação espacial entre os dois países. Lula falou na necessidade de 'equilibrar a geopolítica mundial' enquanto Xi Jinping foi só elogios ao presidente brasileiro: "O senhor é nosso amigo de longa data e um bom amigo. Foi com a sua atenção e apoio que as relações China-Brasil conseguiram um grande salto"

(Imagem: Ricardo Stuckert)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da China, Xi Jinping, assinaram 15 acordos comerciais e de parceria durante encontro nesta sexta-feira (14), em Pequim.

A projeção no Ministério da Fazenda é que os pactos totalizem cerca de R$ 50 bilhões de investimento. Na lista se destacam memorandos de entendimento entre o ministério chinês das Finanças e a Fazenda, para infraestrutura e parcerias público-privadas, e um protocolo para fabricar e operar satélites CBERS-6.

O encontro terminou por volta das 19h20, com a cerimônia de assinaturas dos acordos. Lula e Xi então deixaram o local para participarem do banquete oferecido pelo dirigente chinês.

Nas áreas de interesse da agropecuária brasileira, há um plano para a certificação eletrônica de carnes e um protocolo para a abertura aduaneira do mercado chinês para farinhas de suínos e aves.

Na cerimônia de chegada, a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, ministros e assessores acompanharam uma caminhada de Xi e Lula diante da praça da Paz Celestial enquanto uma banda tocava os hinos nacionais de ambos os países e canções como “Novo Tempo”, de Ivan Lins. Um grupo de crianças com bandeiras dos dois países gritou “bem-vindo!”. Enquanto Lula e Xi se reuniam, Janja teve um encontro separado com Peng Liyuan, esposa do líder chinês, e ambas foram depois para o banquete.

Em discurso no início da reunião com Xi, Lula afirmou ter ficado “emocionado com o espetáculo das crianças” e destacou querer ir além do comércio na relação entre os países. “A compreensão que o meu governo tem da China é a de que temos que trabalhar muito para que a relação Brasil-China não seja meramente de interesse comercial”, disse. “Queremos que a relação transcenda a questão comercial.”

Com Xi, o petista defendeu ainda “uma parceria para construir uma política de desenvolvimento no Brasil no campo da energia”. E acrescentou que a visita ao gigante da tecnologia Huawei, no dia anterior, foi para “dizer ao mundo que não temos preconceito na nossa relação com os chineses”. “Ninguém vai proibir que o Brasil aprimore a sua relação com a China”, afirmou o presidente brasileiro em Pequim.

As declarações de Lula se dão num contexto de crescente disputa entre Estados Unidos e China. A Guerra da Ucrânia, precedida pela formalização de uma aliança mais próxima entre Pequim e Moscou, ampliou os questionamentos de Washington àqueles que vê como aliados chineses.

“Fico muito feliz ao ver o senhor recuperado, o senhor veio de tão e logo se recuperou”, afirmou Xi, em referência ao diagnóstico de pneumonia recebido por Lula no final de março, o que fez com que o líder brasileiro adiasse a viagem à China nas datas inicialmente previstas.

“A China coloca as relações com o Brasil em um lugar prioritário nas nossas relações exteriores. O senhor é nosso amigo de longa data e um bom amigo. Foi com a sua atenção e apoio que as relações China-Brasil conseguiram um grande salto”, acrescentou o dirigente chinês.