"Ele estava muito confiante e lutou até o último dia", diz esposa. Família capixaba fazia sucesso em reality show no Discovery, até pai ser surpreendido por diagnóstico de linfoma em estado avançado e iniciar batalha pela própria vida
Morreu na última quarta-feira (19), aos 40 anos de idade, Jayme Reisen, pai dos quíntuplos capixabas que ficaram famosos na web e ganharam um reality show mostrando a rotina da família. A informação foi divulgada por sua esposa, Mariana Mazelli, e comoveu internautas.
Juntos, eles tiveram os quíntuplos Benício, Jayme, Bella, Laís e Beatriz. Jayme também era pai de um filho adolescente, fruto de um relacionamento anterior.
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Ele lutava contra um Linfoma de Hodgkin, câncer que se origina no sistema linfático e está ligado à imunidade. “Jayme lutou como um verdadeiro guerreiro, uma fortaleza como sempre foi. Desde a descoberta foi cercado de muito amor, teve acesso aos melhores tratamentos e médicos dessa país, fizemos tudo que poderíamos fazer, o que me conforta nesse momento”, disse Mariana.
A batalha de Jayme para permanecer vivo também foi intensamente documentada nas redes. O homem foi submetido a diversos tratamentos com quimioterapia. Os medicamentos, porém, não foram eficazes no combate à doença e só deixavam Jayme cada vez mais fraco.
Nos últimos dias, Jayme foi acometido pela Síndrome Hemofagocítica, que acontece em pouquíssimos casos de pacientes de câncer. De acordo com o hematologista Douglas Covre, pessoas com covid-19 na forma grave também podem desenvolver a síndrome.
“É como se fosse uma hiperativação imunológica. Eu tenho algumas algumas células responsáveis por fagocitar (comer) uma bactéria ou um vírus e proteger meu organismo. A síndrome causa uma desregulação imunológica, que passa a fazer isso contra as células normais, ‘comendo’ as células do sistema sanguíneo”, explicou o especialista.
Uma das formas de diagnosticar a síndrome, segundo Covre, é o aumento da ferritina no sangue. “O normal é entre 100 e 200 ng/ml. A síndrome causa um aumento para cerca de 25 mil ng/mL de ferritina no organismo. Em resumo, as células de defesa passam a consumir as células do corpo. Gera uma hiperinflamação do corpo”, disse.
O médico falou ainda que a taxa de óbito em pacientes oncológicos que também desenvolvem a síndrome é muito alta e que o tratamento se baseia em seguir um protocolo médico para que o paciente consiga resistir até um transplante de medula óssea.
Segundo especialistas, porém, não há explicação sobre como surge essa síndrome, tanto no caso de linfoma quanto em casos de covid.
Linfoma de Hodgkin
Em março de 2022, Jayme descobriu que estava com linfoma ou Doença de Hodgkin, um câncer que se origina no sistema linfático e está ligado à imunidade. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, a doença pode ocorrer em qualquer faixa etária; porém, é mais comum entre adolescentes e adultos jovens (15 a 29 anos), adultos (30 a 39 anos) e idosos (75 anos ou mais). Os homens têm maior propensão a desenvolver o linfoma de Hodgkin do que as mulheres.
A incidência de casos novos permaneceu estável nas últimas cinco décadas, enquanto a mortalidade foi reduzida em mais de 60% desde o início dos anos 1970 devido aos avanços no tratamento. A maioria dos pacientes com linfoma de Hodgkin pode ser curada com o tratamento disponível atualmente, caso sejam diagnosticados de maneira precoce.
“Devemos suspeitar dessa doença [Linfoma] quando o paciente apresentar aumento de linfonodos (> 2 cm de diâmetro), com consistência firme, indolor, que não se associa a processo infeccioso e que persiste por mais de 4 semanas. Febre, sudorese noturna e emagrecimento podem estar presentes ao diagnóstico, mas geral são encontrados principalmente em estágios avançados da doença”, diz o departamento de oncologia da Unifesp.
Jayme estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital A.C Camargo, referência no tratamento do câncer em São Paulo. “O câncer já estava em estado avançado e agressivo quando a gente descobriu. Foi um choque”, lembra a esposa de Jayme.
Esse é um dos últimos registros de Jayme com vida, publicado há 8 semanas:
Em um simples hemograma, é possível levantar as primeiras suspeitas a partir da alteração nos seguintes indicadores: Anemia (redução dos glóbulos vermelhos e da concentração de hemoglobina); Aumento ou diminuição da contagem absoluta de leucócitos; Plaquetopenia (baixa contagem de plaquetas); Presença de linfócitos anômalos.
Mas, nem sempre essas alterações estão presentes e, quando estão, somente esses resultados não são suficientes para realizar o diagnóstico de linfoma. Isso acontece porque, essas variações, principalmente dos glóbulos vermelhos, leucócitos e plaquetas, não são exclusivas desse câncer. Ou seja, podem acontecer em outras situações, inclusive de doenças benignas. Já os linfócitos anômalos podem aumentar a suspeita dessa neoplasia maligna, mas também não são o suficiente para identificá-la.
“O diagnóstico é feito por biópsia com imuno-histoquímica do tecido suspeito (linfonodo aumentado) ou, quando as células circulam no sangue podemos utilizar um exame chamado imunofenotipagem por citometria de fluxo”, o hematologista Marcelo Bellesso.
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