Pastores são condenados a 21 anos de prisão por morte do menino Lucas Terra
Lucas Terra foi estuprado e queimado vivo após um culto na Igreja Universal do Reino de Deus; o menino era frequentador da igreja. Tribunal do Júri finalmente condenou os pastores a 21 anos de prisão. Mãe da vítima desabafou: “Hoje é o dia da minha vitória. Estou muito emocionada, muito mesmo, Essa é a Justiça que eu tanto esperava”
Dois pastores evangélicos foram condenados a 21 anos de prisão pelo assassinato do menino Lucas Vargas Terra. O crime aconteceu há 22 anos em Salvador (BA), quando a vítima tinha apenas 14 anos. Durante todo esse período, os pastores manobraram na Justiça para permanecerem em liberdade e evitar o julgamento.
Os condenados são Fernando Aparecido da Silva e Joel Macedo, que trabalhavam na Igreja Universal do Reino de Deus. O julgamento começou na terça-feira (25) e durou três dias. Na noite desta quinta-feira (27), foi divulgado o veredito do tribunal do Júri.
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Fernando Aparecido da Silva e Joel Macedo foram condenados por homicídio qualificado por motivo torpe, com emprego de meio cruel e sem possibilidade de defesa da vítima. Sete jurados acompanharam as oitivas e foram os responsáveis pelo veredito nesta quinta-feira.
O primeiro julgamento aconteceu em novembro de 2013 e ambos foram inocentados em decisão monocrática. A família de Lucas Terra recorreu da sentença e, dois anos depois, o Tribunal de Justiça da Bahia decidiu que eles deveriam ir a júri popular.
A acusação apontou que o adolescente foi abusado sexualmente após ter flagrado os então pastores Joel e Fernando tendo relações sexuais. Após o estupro, ele teria sido colocado em um caixa de madeira e queimado vivo em um terreno baldio com o auxílio bispo Sílvio Galiza.
Galiza foi o primeiro suspeito por participação no crime a ser identificado. Ele foi julgado em 2004 e condenado a 23 anos de prisão. Depois, a pena foi reduzida para 18 anos – dos quais ele cumpriu 7 em regime fechado.
Em 2006, durante entrevista ao programa ‘Linha Direta’, da TV Globo, Galiza estava acompanhado de sete advogados e confirmou que o crime ocorreu porque Lucas Terra flagrou os pastores Joel e Fernando fazendo sexo.
A mãe de Lucas Terra desabafou após a sentença: “Hoje [quinta, 27] foi o dia da minha vitória. Eu quero agradecer a todos da imprensa, que incansavelmente nunca se calaram, nunca foram omissos, sempre foram a nossa voz. Essa vitória não é só minha, não é só do Carlos [pai], não é só do Lucas, essa vitória é de todas as mães da Bahia. De todos os jornalistas, de todas as famílias que, muitas vezes, perdem os filhos e se deparam com poderosos economicamente, e levam 22 anos, como nós levamos, e às vezes nem têm direito à justiça. Estou muito emocionada, muito mesmo, pelo Carlos, pelo Lucas. Depois de 22 anos, essa é a justiça que eu tanto esperava, que eu queria. Eu queria vê-los condenados”, disse ela.
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