Romeu Zema viajou a Brasília em avião do dono da CNN para declarar apoio a Bolsonaro
Desde a primeira campanha para governador de MG, Romeu Zema anunciou que combateria a "farra dos voos" do Executivo estadual. Criticou o excesso de viagens aéreas feitas por seus antecessores e disse que colocaria à venda as aeronaves do governo. Prometeu que se eleito só viajaria em aviões de carreira, com total transparência. A promessa, como agora se sabe, não passava de demagogia
Chico Alves, em seu blog
Desde a primeira campanha a governador de Minas Gerais, em 2018, Romeu Zema (Novo) anunciou que combateria a “farra dos voos” do Executivo estadual. Criticou o excesso de viagens aéreas feitas por seus antecessores e disse que colocaria à venda as aeronaves do governo, com exceção às utilizadas para casos de emergência e segurança. Prometeu que se eleito só viajaria em aviões de carreira, com total transparência.
A reportagem apurou que a promessa foi descumprida em 4 de outubro do ano passado. Nesse dia, Zema foi de Belo Horizonte a Brasília com objetivo de mostrar apoio à reeleição de Jair Bolsonaro a presidente e não usou uma aeronave de carreira. O governador mineiro viajou no jato Bombardier, matrícula PT-RBZ, de propriedade do empresário Rubens Menin, dono de várias empresas, entre as quais a emissora de TV CNN Brasil e a construtora MRV.
➥ Quer receber as notícias do Pragmatismo pelo WhatsApp? Clique aqui e faça parte do nosso grupo!
Tendo a bordo Zema, Menin, e também o deputado Lucas Gonzalez (Novo-MG) e o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, o avião decolou da capital mineira às 6h54 e aterrissou em Brasília às 8h02. Nesse tempo, o governador mineiro pôde desfrutar de muito conforto no jato do dono da CNN. Trata-se de uma “sofisticada aeronave bimotora executiva de alta performance”, segundo o site especializado Aeroin.
A viagem em nada seguiu os parâmetros anunciados na campanha pelo governador de Minas Gerais. Ao ser perguntado sobre a “carona” no jato de Menin, Zema procurou dar ao compromisso um caráter particular, embora articulações políticas e eleitorais também sejam atribuições de um governador.
“Sobre a viagem específica citada, se trata de um compromisso pessoal, após ter vencido as eleições em primeiro turno. Na ocasião exerci minha cidadania de ter a liberdade de apoiar um candidato. Por se tratar de um compromisso pessoal, em nenhuma hipótese poderia utilizar aeronaves do Estado”, respondeu ele, por meio de nota enviada à reportagem. No texto, porém, Zema não explicou por qual motivo não pagou de seu próprio bolso passagem em avião de carreira, em vez de usar aeronave de um empresário.
Na nota, o chefe do Executivo mineiro argumenta que antes de assumir o cargo imaginou que seria possível cumprir os compromissos oficiais com deslocamentos terrestres. “Porém, logo entendemos que para otimizar o tempo como governador, e melhor atender às demandas dos mineiros de todas as regiões dos 853 municípios, foi preciso eventualmente utilizar as aeronaves que hoje não são de uso exclusivo do governador, mas pertencem ao Comando de Aviação da Polícia Militar de Minas Gerais”, admitiu.
O governador diz que, ao contrário de gestões anteriores, em seu governo os aviões do estado nunca foram utilizadas para compromissos pessoais. Acrescentou que suas viagens são feitas com transparência – embora a “carona” no jato de Menin só agora tenha vindo à tona —, compromisso e responsabilidade com os recursos públicos estaduais.
A reportagem também perguntou a Zema se ele acha eticamente aceitável que um governador se utilize da aeronave de um empresário para se deslocar ao local onde vai cumprir seus compromissos. Não houve resposta para essa questão.
➥ Quer receber as notícias do Pragmatismo pelo WhatsApp? Clique aqui e faça parte do nosso grupo!