Senador Magno Malta (PL-ES) foi criticado por falar que é hipocrisia os defensores da causa animal não defenderem o macaco, após os ataques racistas sofridos por Vinícius Júnior, jogador do Real Madri (foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
PGR apresentou ao STF pedido de inquérito contra Magno Malta por ofensas raciais. Artistas, jogadores, apresentadores de rádio e TV, ativistas e advogados pedem a cassação do senador bolsonarista por racismo
Augusto Aras, procurador-geral da República, apresentou um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para a abertura de um inquérito contra o senador Magno Malta (PL-ES) devido às suas declarações ofensivas dirigidas ao jogador de futebol Vinícius Júnior.
No último dia 23, o parlamentar criticou a imprensa por “revitimizar” o atleta em busca de popularidade, e também fez um apelo às organizações de proteção animal para que “defendam os macacos”, referindo-se ao jogador.
No domingo, durante a partida entre Valencia e Real Madrid, Vinícius Júnior foi vítima de atos racistas. Torcedores do Valencia proferiram gritos de “mono” (macaco em espanhol) sempre que o jogador brasileiro se aproximava da lateral.
Um grupo composto por artistas, jogadores, ativistas, advogados, apresentadores e intelectuais, incluindo nomes como Camila Pitanga, Raí, Cléber Machado e Teresa Cristina, reagiu às declarações de Malta, conforme relatado pela colunista Mônica Bergamo. Eles pretendem acionar o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado para solicitar a cassação do mandato de Magno Malta.
ENTENDA
Magno Malta disse que a mídia estaria “revitimizando” Vinicius Jr. “Cadê os defensores da causa animal que não defendem o macaco? O macaco está exposto. Veja quanta hipocrisia, o macaco é inteligente, é bem pertinho do homem, a única diferença é o rabo”, disse o senador.
Ele também afirmou que se fosse um jogador negro, entraria em campo com uma leitoa branca: “Dava um beijo nela e falava ‘olha como não tenho nada contra branco. Eu ainda como’”.
O pedido de cassação destaca que xingamentos que associam ou equiparam pessoas negras a macacos fazem parte de uma prática reiterada e generalizada de racismo no futebol. Também é argumentado que as declarações de Magno são incompatíveis com o decoro parlamentar e abusam das prerrogativas concedidas aos membros do Congresso Nacional.
A petição também é endossada pelo ex-jogador e comentarista Walter Casagrande Jr., pelo jornalista Juca Kfouri, pelo cofundador da Uneafro Douglas Belchior, pela chef Bel Coelho, pelo pintor Iran do Espírito Santo, pela editora Fernanda Diamant, pelo escritor Antonio Prata, pelo jornalista José Trajano e pela desembargadora Kenarik Boujikian.