Deputado George Santos paga fiança de R$ 2,4 milhões e é liberado pela Justiça
Acusado formalmente de ter cometido 13 crimes, deputado conservador pagou R$ 2,4 milhões de fiança e ficou apenas algumas horas preso. George Santos é admirado pela família Bolsonaro
O deputado extremista George Santos, filho de brasileiros conhecido por ser um mentiroso compulsivo, foi preso nesta quarta-feira (10) em Nova York, nos Estados Unidos. Ele é investigado pelo Departamento de Justiça e acusado formalmente de ter cometido 13 crimes.
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O conservador se declarou inocente e foi liberado sob fiança de US$ 500 mil (R$ 2,47 milhões), paga por três indivíduos cujas identidades não foram reveladas. Também teve sua liberdade de circulação restringida e só poderá se deslocar entre Nova York e Washington. Para ir a outros destinos, precisará de autorização prévia.
O deputado terá de responder a sete acusações de fraude, três de lavagem de dinheiro, uma de desvio de verbas públicas e duas sobre declarações falsas perante a Câmara dos Representantes. Se condenado, o republicano pode pegar até 20 anos de prisão, na soma das penas máximas previstas.
Segundo a acusação, Santos induziu apoiadores a doar dinheiro a uma empresa sob o falso pretexto de que os valores seriam usados para apoiar sua campanha. Em vez disso, diz a acusação, o republicano usou a verba para despesas pessoais, incluindo roupas de grife de luxo e contas de cartões de crédito.
Os promotores também acusam Santos de solicitar auxílio-desemprego de forma fraudulenta durante a pandemia — ele teria recebido US$ 24 mil (cerca de R$ 118 mil) em benefícios quando, na verdade, estava trabalhando em uma empresa de investimentos. Ainda segundo a acusação, Santos apresentou declarações financeiras falsas em 2020 e em 2022 para enganar eleitores sobre sua condição financeira.
As denúncias devem aumentar a pressão de seus correligionários e eleitores para que ele renuncie — em março, o Comitê de Ética da Câmara abriu uma investigação contra o congressista. O órgão investigará eventuais atividades ilegais em sua campanha, além de possíveis violações de leis federais na atuação dele numa empresa e da acusação de assédio feita por um assessor que trabalhou em seu gabinete.
Depois de deixar a sala de audiências, Santos foi cercado por jornalistas e também teve que ouvir gritos de “mentiroso” vindos do público presente.
Mentiroso
George Santos foi o primeiro congressista abertamente homossexual a ser eleito nos Estados Unidos pelo Partido Republicano, de perfil conservador. Nos EUA, as eleições parlamentares são distritais, e ele foi eleito por um distrito que há muitos anos era dominado pelo Partido Democrata.
Apoiador fiel de Donald Trump, Santos começou a ser questionado quando vieram á tona mentiras contadas por ele sobre uma suposta ascendência judaica, citada durante a campanha. A imprensa dos EUA também mostrou que ele falou outras mentiras, contando detalhes sobre uma carreira que nunca existiu em empresas do mercado financeiro e sobre diplomas universitários.
Após o acúmulo de denúncias, setores do próprio Partido Republicano pressionaram pela renúncia do deputado, mas ele resistiu no cargo, contando com apoio de figuras relevantes dentro do partido, como o presidente da Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados), Kevin McCarthy.
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Procurado pelo The New York Times nesta quarta-feira, McCarthy disse que George Santos poderá manter o mandato e suas atividades parlamentares mesmo após as acusações formais e a detenção, mas não poderá participar de comissões e terá de passar por julgamento.