"Foi uma pancadaria só, muito constrangedor", diz Delis Ortiz sobre agressão
Jornalista da TV Globo disse que a confusão na tentativa de entrevistar Maduro foi precedida por uma sucessão de equívocos, já que não havia um espaço próprio para um evento desse porte, com a imprensa de toda a América do Sul: "A ordem era barrar, bater, fazer qualquer negócio pra tirar a gente. É um negócio inacreditável e irracional. Estou assustada até agora"
A jornalista Delis Ortiz, da TV Globo, foi vítima de agressão na terça-feira (30) ao tentar entrevistar o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Um dos seguranças teria dado um soco no peito de Delis durante um tumulto envolvendo outros jornalistas. Em entrevista, ela falou que houve falta de preparo dos seguranças e do governo.
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Em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews, Ortiz contou que houve falta de organização para a cobertura jornalística do evento, o que acabou gerando a confusão, envolvendo jornalistas, guarda-costas de Maduro e seguranças do governo brasileiro.
“Foi uma pancadaria só. Teve um colega que teve o terno rasgado. Puxaram pela gola do terno assim e levaram até lá fora. Queriam era botar no chão. Se não fosse um monte de fotógrafo em cima registrando e todo mundo gritando ‘para com isso!’, não sei o que mais poderia ter acontecido. Foi constrangedor”, lembrou.
Delis ainda disse que a agressão foi precedida por uma sucessão de equívocos, já que não havia um espaço próprio para uma entrevista coletiva desse porte, com imprensa de toda a América do Sul. “Imagina, quantos repórteres, quantas equipes precisam de espaço, precisam de distância do entrevistado, não tinha isso. É um empurra-empurra na hora de uma entrevista importante”.
“O erro número dois foi cuidar da segurança de um evento desse porte sem preparo, não havia preparado desses meninos, são meninos, não tinha maturidade pra isso”, completou.
Delis Ortiz ainda disse que foi dado espaço para todas as determinações de Maduro, o que também foi um erro, já que a imprensa brasileira foi retirada do comitê por uma exigência da equipe do venezuelano. “O pivô disso tudo, com certeza, é Maduro”.
Quando o presidente da Argentina, Alberto Fernández, apareceu para falar com a imprensa, Delis Ortiz contou que, de repente, vários seguranças surgiram. “Você não está atacando uma autoridade, mas a imprensa nesses momentos começou a ser tratada como inimiga. Um perigo, uma bomba que pode explodir a qualquer momento”.
“Eles sabem que nós não somos inimigos, mas eles nos tratam e nos trataram, especialmente ontem, como os inimigos nessa guerra. A ordem era barrar, bater, fazer qualquer negócio pra tirar a gente da entrevista. É um negócio inacreditável e irracional. Estou assustada até agora, porque a faixa de Gaza geralmente é bem longe, quando ela chega muito perto da gente tem que ligar todos os alertas”, concluiu.
Notas oficiais
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores disse que “lamenta o incidente no qual houve agressão a profissionais de imprensa, ao final da Reunião de Presidentes da América do Sul. Providências serão tomadas para apurar responsabilidades”.
A Secretaria de Comunicação do governo afirmou, também em nota, que “se solidariza com a jornalista Delis Ortiz e repudia toda e qualquer agressão contra jornalistas. Todas as medidas possíveis serão tomadas para que esse episódio jamais se repita.”
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) lamentou os incidentes ocorridos e cobrou que os órgãos governamentais “apurem eventuais abusos cometidos contra os profissionais da imprensa”, além de ser disponibilizada infraestrutura adequada, como púlpito, para o exercício do trabalho dos jornalistas em eventos desse porte.
O Ministro-Chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, usou as redes sociais para se manifestar sobre o caso. “Toda a minha solidariedade à jornalista Delis Ortiz, que dois dias antes do Dia da Imprensa foi vítima de agressão. Todas as medidas cabíveis serão tomadas para que episódios assim jamais se repitam”, escreveu.
A Rede Globo repudiou o ato de violência e aguarda a adoção de providências e punição aos responsáveis. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) deve abrir sindicância para apurar a violência contra jornalistas.
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