Fã de Olavo de Carvalho ganha cargo de diretor em órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Regional. Salário é de R$ 13.623,39. Heitor Freire já sugeriu a criação de uma "Secretaria de Desesquerdização da Administração Pública" e livro do torturador Brilhante Ustra nas escolas
Fã do falecido escritor Olavo de Carvalho, o deputado Heitor Freire (União Brasil-CE) foi nomeado pelo governo Lula (PT) para uma diretoria na Sudene, órgão que atua no Nordeste vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Regional. O salário é de R$ 13.623,39.
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Freire foi nomeado Diretor de gestão de fundos, incentivos e de atração de investimentos da Sudene. O cargo funciona em Recife (PE), sede da autarquia.
A diretoria tem a função de analisar para onde devem ir recursos do FNE (Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste), uma verba destinada a projetos de desenvolvimento da região.
Freire foi eleito deputado federal em 2018, como aliado de Bolsonaro, mas rompeu com o ex-presidente. Ele ficou no antigo PSL após os bolsonaristas deixarem a sigla e permaneceu no União Brasil após a fusão com o antigo DEM.
Em março de 2019, Freire pediu ao governo Bolsonaro que criasse uma “Secretaria de Desesquerdização da Administração Pública”. A ideia, segundo ele, era evitar o “aparelhamento gradual do Estado realizado por militantes de esquerda e seus sindicalistas”.
Freire disse, por meio de nota, que foi indicado ao cargo pelo ex-deputado Luciano Bivar, presidente do União Brasil. O ministério ao qual a Sudene está vinculada é chefiado pelo ex-governador do Amapá Waldez Góes (PDT).
Brilhante Ustra e Olavo de Carvalho
Freire defendeu em 2019, que escolas adotassem livros do escritor Olavo de Carvalho e do ex-coronel Carlos Brilhante Ustra, condenado por tortura na ditadura militar. A medida, segundo ele, ajudaria a “reverter o quadro da educação falida do Brasil”.
Em outubro daquele ano, Bolsonaro acusou Freire de vazar áudios sobre uma disputa pela liderança do PSL na Câmara. A partir desse ponto, passou a ser chamado de “traidor ” por colegas bolsonaristas e se afastou.
Ao lado de Joice Hasselmann e Alexandre Frota, Freire foi um dos ex-aliados de Bolsonaro a depor na CPI das fake news, em 2020. À comissão ele disse que existia uma “milícia digital” no governo.
Freire reconheceu que foi de uma “ala radical” até 2019, mas que se afastou de Bolsonaro logo no início do governo. Ele diz que foi “perseguido” por bolsonaristas após depor na CPI das Fake News.
Sobre o pedido de “desesquerdização” do governo, feito a Bolsonaro em 2019, Freire diz que reviu suas posições sobre o assunto. “Não concordo, não tenho mais essa mesma visão”, disse.
“Eu aprendi com o tempo que ninguém está condenado a ser a mesma pessoa para o resto da vida. Eu reconheço que fui dessa ala radical e, se pudesse voltar atrás, voltaria sim, mas a gente não pode. Só pode ficar a lição, o aprendizado”.
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