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Policial mata 4 colegas dentro de delegacia no Ceará e divulga vídeo para se justificar

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Chacina em delegacia: policial dispara arma de fogo contra quatro colegas de trabalho, foge em viatura e depois se entrega. Plano inicial era ainda mais macabro e policial pretendia matar outros colegas além dos 4 que perderam a vida

Inspetor Dourado

O policial civil Antônio Alves Dourado, conhecido como inspetor Dourado, matou quatro colegas a tiros dentro da delegacia de Camocim, no Ceará, na madrugada deste domingo (14/5). As vítimas são três escrivães e um inspetor.

A Polícia Civil identificou as vítimas como os escrivães Antônio Claudio dos Santos, Antônio José Rodrigues Miranda e Francisco dos Santos Pereira, e o inspetor Gabriel de Souza Ferreira.

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A prima de Francisco dos Santos disse que ele deixa três filhos. Francisco é natural de Fortaleza, tinha cerca de 45 anos e mudou-se para Camocim quando passou para o concurso de escrivão na cidade. “Ele amava a profissão. Era uma pessoa muito honesta, justa”.

O irmão de Antônio Claudio dos Santos disse que ele trabalhava como escrivão na delegacia havia cinco anos. Era pai de duas meninas, uma de cinco e outra de três anos e tinha uma conduta exemplar.

O assassino estava de folga na data do crime. De madrugada, ele foi até a delegacia onde estavam as outras quatro pessoas e abriu fogo. Depois de atirar nos colegas, Dourado fugiu em um carro da polícia, mas abandonou o veículo e se entregou no quartel da Polícia Militar da cidade.

Dourado pretendia matar mais gente

O inspetor Dourado tinha planos de agir de forma ainda mais violenta, segundo boletim de ocorrência. O policial pensou em usar um botijão de gás dentro da unidade de segurança para matar os colegas asfixiados.

Na investigação, policiais militares encontraram o botijão de gás de cozinha, que estava sendo preparado com algumas conexões, já que a ideia do assassino era de asfixiar as vítimas dormindo e ficar de tocaia na delegacia, até que amanhecesse o dia. Dessa forma, ele mataria os outros policiais que renderiam o plantão.

O plano só não deu certo porque Dourado foi surpreendido pelo plantonista Antonio Claudio dos Santos, que estava acordado e fazia a segurança do restante da equipe. Dessa forma, Dourado precisou usar a arma de fogo para matar o colega e os demais.

“Justificativa”

Em vídeo divulgado, Dourado afirma que assassinou os companheiros por ser “perseguido” dentro da delegacia. E que estaria “traumatizado” com a forma como era tratado no trabalho. “Fui humilhado, chacoalhado, transformado como lixo; me perseguiram, inventaram, criaram, e aqui estou, destruído, destruí minha esposa, destruí meus filhos, esposa e vários filhos de colegas, alguns que mesmo, ruins e péssimos que eram, mas a família, esposas e filhos não mereciam”, diz o policial no vídeo.

“Maldito Adriano, te vejo no inferno; maldito Charles, maldito Neto, vocês são isso. Eu acredito que o diabo foi conivente com a vida de vocês, para vocês repensarem em tudo que vocês são, tudo que vocês fizeram. Maldito seja vocês”, ressalta Dourado.

O Pragmatismo teve acessos às imagens, mas decidiu não publicá-las para não reforçar a vontade do atirador.

Um policial que estava de folga, e que prefere não ser identificado, afirmou que o trabalho com Dourado era “complicado”. “Jamais esperávamos isso. Ele era complicado de se trabalhar, mas não discutia com ninguém. E era muito calado. Ele sempre reclamava de algo, não aceitava bem as determinações, sempre achava que estava sendo preterido”, contou.

Mesma delegacia teve morte em 2022

A delegacia onde aconteceu a chacina é a mesma onde um jovem de 19 anos foi assassinado por outro policial em fevereiro de 2022. A unidade, inclusive, mudou de endereço após a morte do jovem no ano passado.

Na época, Mateus Silva Cruz, de 19 anos, foi morto com cerca de dez tiros dentro da delegacia pelo PM George Tarick. Em depoimento à Polícia Civil, o PM disse que matou o jovem “em um momento de fúria, levado por violenta emoção”, após ele ter passado pela vítima duas vezes para ir ao banheiro quando a vítima teria “lhe encarado e o desafiado”. George Tarick está preso e deve passar por júri popular.

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