Saúde

O que comem as comunidades que vivem mais de 100 anos

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Jornalista estudou a dieta das comunidades mais longevas na Itália, Grécia, Costa Rica, Japão e EUA. Aveia, banana, tofu e azeite estão entre os alimentos mais presentes de quem chega bem aos 100 anos

Idosos de Okinawa

Evelin Azevedo, Globo

Inúmeros estudos já comprovaram que a alimentação influencia diretamente no desenvolvimento de doenças, como obesidade, câncer colorretal, diabetes e problemas cardíacos. Mas, por outro lado, uma dieta balanceada é uma das chaves da longevidade.

Comunidades com um número alto de pessoas que chegam aos 100 anos de idade possuem uma culinária peculiar, baseada em produtos in natura – e pouquíssima carne. A conclusão é do jornalista americano, Dan Buettner, autor do livro “The Blue Zones American Kitchen” (“As Zonas Azuis da Cozinha Americana, em tradução livre do inglês), da editora National Geographic Society.

Ao longo de sua carreira como jornalista, Buettner estudou os padrões de vida das pessoas das chamadas “zonas azuis”, as regiões com as populações mais longevas e saudáveis do mundo. São elas: Okinawa (Japão); Sardenha (Itália); Icária (Grécia); Nicoya (Costa Rica); e a comunidade adventista do sétimo dia em Loma Linda, Califórnia (Estados Unidos). Nestes locais, as taxas de obesidade e diabetes em cada um eram inferiores a 5%. As pessoas vivem cerca de 10 anos a mais que os americanos médios e gastam menos dinheiro com assistência em saúde — internações e remédios.

“Como eles atingem essa longevidade extraordinária? Nunca é só uma coisa, mas sim um conjunto de fatores que se apoiam mutuamente, que mantêm as pessoas fazendo as coisas certas e evitando as erradas por tempo suficiente para não desenvolver doenças crônicas. Essencialmente, eles vivem em ambientes que tornam inevitáveis as escolhas saudáveis. Como resultado, eles não estão desenvolvendo doenças cardíacas, diabetes tipo 2, obesidade, demência, certos tipos de câncer e outras doenças que de outra forma encurtariam suas vidas”, diz o autor no livro.

Buettner observou que nos quatro continentes, apesar das especificidades culinárias de cada região, as populações centenárias consumiam os mesmos tipos de alimentos: 90% das calorias vêm de alimentos integrais, fontes à base de plantas. Suas dietas são baseadas em grãos, verduras, tubérculos, nozes e feijões.

“Estes alimentos ajudam a aumentar a longevidade diminuindo os níveis de colesterol no sangue, controlando o peso corpóreo, prevenindo o diabetes e reduzindo a chance de doenças cardiovasculares e câncer”, explica a nutricionista Priscilla Primi, colunista do Globo e mestre pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).

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Ao contrário do que se imagina, nas zonas azuis come-se pouco peixe e ovos — até três vezes por semana, sempre acompanhados de vegetais. A carne vermelha é consumida, no máximo, cinco vezes por mês. E embora os longevos gostem de pequenas quantidades de queijo de ovelha e cabra, os laticínios produzidos a partir de leite de vaca estão praticamente ausentes da dieta. O açúcar também é um ingrediente raro. Essas populações adoçam seus pães, bebidas e sobremesas com mel produzido pelas abelhas da região.

Quanto às bebidas, água, chás de todos os tipos, café preto e vinho estão na rotina das pessoas que vivem até os 100 anos. Na região da Sardenha, os longevos costumam tomar o vinho Cannonau, que é rico em antioxidantes como resveratrol e flavonoides. No livro, Buettner relata que o refrigerante era desconhecido pela maioria dos 350 centenários entrevistados por ele.

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