Redação Pragmatismo
Barbárie 01/Mai/2023 às 14:32 COMENTÁRIOS
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"Vídeo mais cruel das redes": Internautas reagem aos desafios perversos do 'Discord'

Publicado em 01 Mai, 2023 às 14h32

Reportagem exibida no 'Fantástico' revelou como o aplicativo Discord tem sido usado por adolescentes para propagação de conteúdo de automutilação, de tortura de crianças, de animais, exploração sexual e outros desafios criminosos. Nos EUA, a plataforma já vem sendo questionada na Justiça

Izaquiel Tomé dos Santos
Izaquiel Tomé dos Santos foi preso pela Polícia Federal

A Discord, plataforma de mídia social e mensagens criada há oito anos, popular entre os adolescentes e jogadores de videogames, coleciona polêmicas no exterior. O mais recente foi o vazamento de documentos do Pentágono, que teriam circulado na plataforma em março, antes de aparecerem em outros sites.

Uma reportagem do Fantástico (TV Globo) revelou, neste domingo, que o aplicativo acaba expondo muitos adolescentes a conteúdos de violência extrema. São vídeos e conversas que incentivam a automutilação, todo tipo de crueldade contra animais e pedofilia. Tudo ao vivo, a partir de desafios criados por criminosos.

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O aplicativo permite que as pessoas se comuniquem em transmissões ao vivo de vídeos dentro da plataforma. Tudo pode acontecer, e a menos que alguém grave, fora da plataforma, nada fica registrado.

As imagens divulgadas pelo Fantástico causaram comoção nas redes e muitas pessoas foram surpreendidas. “Sou mãe e fiquei muito mal depois de ver a reportagem. Quase não consegui ir até o final. Eu não fazia ideia da gravidade, que as coisas já chegaram nesse patamar de barbárie”, desabafou uma internauta.

De acordo com o historiador Fernando Horta, é provável que o Discord não seja atingido pelo PL das fake news, que será votado amanhã. O aplicativo tem cerca de 100 milhões de contas registradas no Brasil, mas apenas cerca de 2,9 milhões de usuários mensais. Isso significa que a plataforma NÃO SERÁ afetada pelo PL 2630 que, em seu texto, deixa claro que só se propõe a regulamentar as plataformas com mais de 10 milhões de usuários/mês.

“Na realidade, depois de quase 4 anos de discussões, tendo sido ouvido mais de 50 especialistas no tema, a pérola de regulação digital do parlamento brasileiro simplesmente não conseguiu mapear em que tipos de aplicativos a violência contra jovens e contra às escolas operam (e o Discord é plataforma básica de quem conhece o tema) e também não conseguiu perceber que a tão defendida lei, pelos seus próprios termos, NÃO AGIA sobre uma das plataformas mais problemáticas das redes. Ou seja, a lei já nasce inefetiva, ineficaz, antiquada e obsoleta. Tudo, aliás, que eu vinha dizendo”, diz Horta.

VÍDEOS:

Como funciona a Discord

A Discord foi lançada em 2015 por Jason Citron, um jogador de videogame e programador de computador. O estúdio de desenvolvimento de games que ele havia montado ainda buscava se erguer. Ele, então, criou um aplicativo de bate-papo que as pessoas poderiam usar para se comunicar enquanto jogavam.

A plataforma era um produto de nicho até a pandemia, quando os jovens passaram a buscar formas de conversar com os amigos e ingressar em comunidades on-line. No fim de 2021, tinha mais de 150 milhões de usuários ativos por mês, acima dos 56 milhões de 2019. Foi avaliado recentemente em US$ 14,7 bilhões, de acordo com o PitchBook, um provedor de dados de mercado.

Servidor Discord

O Discord é semelhante à ferramenta de trabalho Slack. Não há feed social central ou linha do tempo com postagens para os usuários rolarem. Em vez disso, ele é dividido em servidores – essencialmente, salas de bate-papo – projetados para grupos ou interesses específicos. Esses servidores são divididos em canais individuais baseados em tópicos.

Os usuários podem ingressar em servidores públicos do Discord, alguns dos quais com milhões de membros. Alguns servidores são dedicados à discussão de jogos específicos, como League of Legends ou Fortnite, enquanto outros são comunidades para pessoas discutirem arte, música ou inteligência artificial. Eles são semelhantes aos grupos do Facebook.

Existem também servidores privados do Discord, que exigem um convite para ingressar. Geralmente, são comunidades menores, às vezes para um grupo de amigos trocarem mensagens enquanto estão on-line, como um bate-papo em grupo do iMessage.

Devido à natureza desses servidores pequenos e privados, eles geralmente carecem da moderação ou supervisão da plataforma que um servidor público maior teria.

Políticas de moderação

A Discord enfrentou várias controvérsias ao longo dos anos em relação ao conteúdo nocivo em sua plataforma, incluindo a convocação feita por nacionalistas brancos que organizaram nos servidores Discord a manifestação “Unite the Right”, em Charlottesville (Virgínia), em 2017.

E o caso do atirador que matou 10 pessoas em um supermercado de Buffalo, nos estado de Nova York, postando seus planos e mensagens racistas na plataforma antes de seu ataque no ano passado.

A empresa disse que está levando mais a sério a moderação de conteúdo e que 15% de seus mais de 900 funcionários trabalham em suas equipes de confiança e segurança.

As diretrizes da comunidade do Discord proíbem discurso de ódio, assédio, ameaças, extremismo violento, material de abuso sexual infantil e desinformação. Não ficou claro, no entanto, se os documentos vazados violavam as diretrizes da empresa.

A aplicação de suas políticas tem sido uma questão complicada para a Discord. A empresa reforçou suas ferramentas automatizadas para detectar mensagens de assédio ou ofensivas, mas depende de membros dos servidores Discord para relatar violações à política da empresa.

Muitos servidores Discord funcionam como seus próprios governos em miniatura, com o criador do servidor delegando outros membros para fazer cumprir as regras e dando-lhes o poder de proibir malfeitores de enviar mensagens ou expulsá-los do servidor.

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