A questão histórica para Marx e Levi Strauss
Danilo Espindola Catalano*
Quando pensamos nas sociedades complexas, sempre temos considerado o processo do consenso do dinheiro como a medida universal de todas as mercadorias, aquela que considera o tempo de trabalho abstrato e ao mesmo tempo de trabalho concreto, além de ser agregado por meio destes o valor de troca, ou de uso quando há uma necessidade independente.
Mas para que o dinheiro tenha todo esse processo, podemos usar o conceito de Claude Levi Strauss para entender as sociedades, seria por meio do signo, significante e o significado. Pois nessa explicação o dinheiro teria um signo: uma finalidade, ser a medida de troca universal para as mercadorias.
Este signo só é possível, porque dentro da sociedade complexa, ele tem também um significado e um significante dado pelos seres que a compõe. Antes de especificarmos a maneira como eles estão contidos no dinheiro, devemos pensar e caracterizar a mercadoria para Karl Marx, pois é ela que estabelecerá o processo significante do dinheiro e da relação que ele estabelece na sociedade.
Para pensar a mercadoria, temos que considerar que ela é contida de trabalho para ser confeccionada, para tal ela terá trabalho concreto, que é a energia e a força despendida para confeccioná-la. Além do trabalho abstrato, que é o tempo despendido, que depende da diferença de quem está produzindo, para a finalização de tais produtos. Este será o que marcará o resultado do valor de troca, dando significado ao dinheiro.
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Seria dizer, por exemplo, se pensamos na produção de uma camiseta, está camiseta é a mercadoria, que despenderá de um trabalho concreto para ser confeccionada, em conjunto com um trabalho abstrato, mas este tempo de produção dependerá do individuo que está produzindo tal produto, pois se pensamos em um individuo A e um individuo B, considerando que o A demora cinco horas para terminar a camiseta e o B duas horas, um irá demorar mais para finalizar que o outro.
Desta forma, retornemos ao signo de Claude Levi Strauss, que considera o significado dos objetos, ou seja, para os indivíduos que os fizeram de maneiras diferentes, pois para o individuo A, a camiseta terá um significado, este é algo que ele demora cinco horas para terminar, que despende de seu tempo para cria-lo e por isso, irá cobrar cem dinheiros, que é o que lhe dará o valor de troca para ele. Já o indivíduo B, terá a camiseta por outro significado, pois ele a confecciona muito mais rápido e por isso, o valor de troca dela será apenas vinte dinheiros.
Estes significados entre a camiseta do individuo A para a do individuo B tem uma relação estabelecida dentro da sociedade complexa, mas considerando outro momento da história, estes significados seriam diferentes, podendo até mesmo não serem dados por valores diferentes de dinheiros, (100 e 20).
Pois, pensemos que estes indivíduos agora existem em um mundo em que não existe dinheiro e o significante de suas camisetas finalizadas terá que ser definido de outra forma. Esta forma será estabelecida por outras mercadorias, como por exemplo, se nessa sociedade pré-capitalista, as camisetas valem um saco de milho, o signo da camiseta terá mudado e o seu significado também, por não mais considerar o trabalho abstrato como o valor a ser dado pelas camisetas dos dois, sendo agora apenas o trabalho concreto.
Pensando na dialética de Karl Marx, devemos considerar as mudanças estabelecidas entre um momento histórico e outro, no caso a sociedade pré-capitalista e a atual, como pontos importantes para entender a história e as modificações que se deram na mercadoria e seus valores, sendo está, portanto, uma visão materialista, por depender da existência de um material.
Já para Levi Strauss, está ideia de definição histórica se considerará nas mudanças de signo, significado e significante, que na sociedade pré-capitalista se consideram de uma forma e na atual de outra, estabelecendo assim, as diferenças entre eles, que é continua e infinita. Ou seja, para ele estás multiplicidades de sistemas inconscientes que não se igualam em nenhum momento lógico ou histórico.
*Danilo Espindola Catalano é escritor, pesquisador e professor de espanhol, dedicado a passar a cultura latino-americana aos seus alunos. Graduado em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, pós-graduado em Metodologia do Ensino da Língua Espanhola, Especialista em Educação e Cultura pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais Brasil e cursando licenciatura em Letras Português/Espanhol.