Ciência

A relação entre a ação social e a acumulação primitiva

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Professora Regina Bolico (Imagem)

 

Danilo Espindola Catalano*

 

Devemos pensar no sentido histórico da criação do capitalismo atual, que tudo que vemos hoje com uma gama de produções desenfreadas que cada vez mais ocorrem para suportar um capitalismo tecnológico, que vem crescendo sua produção e acumulação desde o fim da Revolução Industrial. Houve um processo para que pudesse chegar ao que é hoje.

Começou de forma a reger quem tinha o meio de produção, para que pudesse com ele obter lucro, mas este lucro viria de alguém que não tem esse meio de produção e por isso precisa vender a sua pele, o seu corpo, para como resultado poder ter os bens de consumo.

Segundo Karl Marx, a mudança que se deu de servo e senhor, para trabalhador assalariado e dono dos meios de produção, se deu por meio da servidão do trabalhador, ela se estabeleceu por uma inversão do que antes era uma servidão divina para uma servidão por meio do capital. Sendo está uma relação que se caracterizou perante a existência de uma relação de dois indivíduos com interesses e necessidades distintos.

Por isso, essa acumulação primitiva só iniciou por conta do que Max Weber nos ensina como o conceito de “Ação Social”, pois o dono do meio de produção só consegue contratar um empregado que não o tem, por que este se dispõe a vender o seu corpo para produzir, pois senão, este estaria fazendo qualquer outra coisa. Além disso, o dono do meio de produção, só não produz por meio dele, porque não vê a necessidade de aprender tal coisa, por ele poder contratar, comprar um empregado.

 

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Está relação só se dá com um fim, a produção de produtos, de mercadoria, que depois se tornará dinheiro, este dinheiro é o que faz com que esta ação social possa ocorrer.

Ação social para Max Weber, é um conceito que estabelece a explicação das relações entre os seres, em que deve haver dois indivíduos ou mais e uma determinada ação ocorrida, tem uma resposta de por meio de uma reação, que se caracteriza considerando o que foi realizado na ação inicial.

Assim como mostramos na relação da acumulação primitiva de Karl Marx, em que só iniciou a existência de uma acumulação para o lucro do capitalista, que obtém o meio de produção, porque ele teve a ação de comprar um trabalho de quem não tem esse meio de produção e este individuo que só tem o corpo para vender, se dispôs a vende-lo, ou seja, houve uma resposta à ação, em que um não trabalha, mas fornece os meios para a produção e o outro trabalha utilizando desses meios.

Está relação só existe por conta de uma ação social, que está estabelecida e regida dentro da acumulação primitiva, porque os indivíduos necessitam de uma subsistência, que só pode ser consumida, perante uma ordem, que é regida por dois fatores, de um lado os produtores como trabalhadores assalariados e de outro estes meios de subsistência em capital.

Podemos concluir, portanto, que a acumulação primitiva para Karl Marx, é o começo da acumulação capitalista que se caracterizará anos mais tarde, sendo o “ponta pé” inicial das relações de empregado e empregador que temos hoje em dia, que por um lado só existem por conta da existência de necessidade de uma subsistência, que só pode ser suprida por meio do dinheiro, do capital, que o dono dos meios de produção obterá ao vender estes produtos de subsistência que por si só são produzidos pelo trabalhador, caracterizando uma relação de servidão em função do capital. Estás relações só existem por conta de uma ação, (meios de produção e necessidade de suprir a subsistência) e uma reação, (a necessidade de uma mão de obra), sendo assim, essas as ações sociais de Max Weber, por serem um consenso entre trabalhador assalariado e dono dos meios de produção, se tornam as que regem o meio capitalista como um todo.

 

 

 

 

*Danilo Espindola Catalano é escritor, pesquisador e professor de espanhol, dedicado a passar a cultura latino-americana aos seus alunos. Graduado em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, pós-graduado em Metodologia do Ensino da Língua Espanhola, Especialista em Educação e Cultura pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais Brasil e cursando licenciatura em Letras Português/Espanhol.