França: Quatro adolescentes que praticavam insultos homofóbicos contra colega gay que se matou são condenados. O caso comoveu o país e levantou preocupações sobre o bullying escolar. Mãe da vítima desabafa: "Eles [agressores] ainda são crianças, não lhes desejo mal. Não quero punição ou vingança, quero conscientização. Quero que reflitam e não façam isso nunca mais"
A morte de Lucas, um garoto de 13 anos perseguido por colegas de classe na cidade de Golbey, no leste de França, relança o debate sobre o assédio nas escolas. Alvo de comentários homofóbicos, o adolescente se suicidou no mês de janeiro.
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Nesta segunda-feira (5), os quatro adolescentes que assediavam Lucas foram condenados pela Justiça. Um tribunal de menores da região de Épinal condenou os jovens por assédio, mas sem vinculá-los ao suicídio de Lucas.
A pena será anunciada em 22 de janeiro de 2024. Os condenados podem pegar até 18 meses de prisão. A pena seria de até cinco anos de prisão se o bullying fosse vinculado ao suicídio.
A mãe de Lucas se manifestou: “Queria que meu filho fosse reconhecido como vítima de bullying, era tudo que devia a ele, essa é a minha luta agora”, disse ela.
MAIS DETALHES
“O assédio foi o gatilho”, desabafou Séverine, 35 anos, mãe de Lucas. Ela contou como o bullying ocorria na escola, levando o adolescente a se suicidar. “Eu sinto muito por não ter conseguido salvar Lucas. Ninguém conseguiu”, diz Séverine, lembrando que, desde o início do ano letivo, havia alertado a direção da escola que seu filho era alvo de insultos homofóbicos por parte de seus colegas de classe.
Lucas explicou as razões de seu ato em seu diário e, segundo sua mãe, “o assédio era constante”. Colegas de classe também confirmam que Lucas era vítima de gozações e insultos preconceituosos. Os autores dos comentários, dois garotos e duas garotas, todos de 13 anos, foram rapidamente identificados.
O assédio escolar é um delito na França desde o ano passado. Segundo uma lei de março de 2022, os autores estão sujeitos a penas de 10 anos de prisão e € 150.000 de multa. No entanto, menores de idade condenados por este crime cumprem metade do período da pena.
“Eles ainda são crianças, não lhes desejo mal. Quero que eles reflitam e não façam isso de novo”, pondera Séverine. “Não há contas a acertar. A justiça fará o que tiver que fazer, mas não quero punição ou vingança, são crianças”, repetiu a mãe de Lucas, que pretende fazer um trabalho de conscientização sobre a questão do bullying nas escolas e espera que os quatro adolescentes participem das ações para “explicar as consequências do que eles fizeram”.
Além disso, a mãe de Lucas insiste que “os professores poderiam e deveriam ter feito algo mais”. Segundo ela, medidas disciplinares precisavam ser tomadas mais cedo para evitar o a morte de seu filho.
OUTROS CASOS
Histórias como a de Lucas não são raras. Em 29 de abril, uma criança de 10 anos se suicidou perto da cidade de Lyon, em um contexto de bullying na escola, segundo seus pais.
Em 12 de maio, Lindsay, uma adolescente de 13 anos, tirou a própria vida na cidade de Vendin-le-Vieil . A Justiça acusou quatro menores de “bullying escolar que levou ao suicídio”. O ministro da Educação, Papa Ndiaye, se reuniu nesta segunda-feira com os familiares de Lindsay, cuja mãe o acusou de não ser “sincero” no combate ao suicídio.
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