O nascimento do capitalismo para Karl Marx se deu como um processo histórico materialista em que a ordem social na Idade Média era estabelecida por senhores e servos, que com o passar dos anos, após processos de mudanças históricas, como por exemplo a Revolução Industrial, esta ordem dual se inverteu para trabalhador assalariado e para proprietários dos meios de produção ou somente capitalistas.
Isto porque com o passar do tempo, com o fim de uma nobreza e o nascimento da burguesia, dona dos meios de produção, os que não obtinham esse meio, necessitavam trocar o que tinham, que no caso seria seu corpo, sua mão de obra para poder ter o mínimo para a sua subsistência. Isso, quer dizer que aquele servo, que antes servia ao seu senhor por uma relação de proteção, física ou divina, agora se estabelecia a mesma servidão, mas por meio do trabalho assalariado.
A acumulação iniciou de forma primitiva e gradual, com o capitalista obtendo mais produtos para estocar e poder vender para mais pessoas e obter mais capital, por ser por meio destas mercadorias, que teriam uma troca gradual, em que elas deixariam de existir nos estoques, para acumulação de capital, que é a medida de todas as mercadorias (dinheiro).
O dono dos meios de produção só consegue acumular porque o trabalhador produz mais-valia, que é o excedente do que ele produz, pois em uma relação capitalista, a produção não é mais para si mesmo, mas para um outro, que passará uma parcela do produzido (que é bem menor que o total), e acumulará o resto, assim, quem vende sua força de trabalho não receberá realmente o que produz em forma de salário. Por este processo, Karl Marx considera a exploração como ponto central que estabelece o capitalismo como característica distinta dos outros processos históricos, que seriam sempre por meio da luta de classes, mas no momento atual capitalista, ela seria muito mais perversa.
Para Karl Marx, o processo de formação do capitalismo é historicamente gradual, iniciando-se por uma necessidade de consumo para a subsistência, que o fará, pela nova ordem estabelecida, em que todos precisam de mercadorias, mas só um é dono da mão de obra e o outro dos meios de produção (proletário e burguês). Esta diferença, em que um necessita do outro, anos mais tarde será conhecida como Classe Social.
Ainda “bebendo na água” da questão histórica para explicar o capitalismo, Max Weber considera uma explicação das mudanças da visão religiosa para pensar as ações sociais entre os indivíduos. Seria pensar que anteriormente, voltando à Idade Média, as explicações eram divinas e intramundanas, por isso a lógica social era lenta e gradual, os indivíduos não se preocupavam com a vida no mundo, mas com a vida espiritual e por isso, dedicavam o maior tempo de suas vidas às obrigações religiosas.
Com o passar do tempo, esta relação divina e mundana, foi se separando para uma racionalização, com o protestantismo, que iniciou uma relação do ser com ele mesmo, dando a ele, uma explicação mundana para que pudesse ter possibilidade de salvação divina, como é o caso do Calvinismo, em que há uma explicação para as possibilidades de realizar um trabalho ou de obter os meios de produção e se dedicar a eles, seria uma maneira de agradecer a Deus por estes dons dados por ele.
Se existe um individuo que confecciona camisetas, ele se caracteriza por este trabalho de maneira a que acredita, por meio do Calvinismo, que o fato de realizar tal trabalho, possa ser a sua predestinação religiosa, dedicar-se a ele, fará com que ele obtenha a salvação divina. Desta forma, os indivíduos realizariam uma racionalidade que se caracteriza pela dignidade no trabalho por meio da fé religiosa.
Com o Calvinismo, como ponto de partida, para a racionalização da vida, que se caracterizará para Max Weber no desencantamento do mundo, é o que explica a desestruturação de algo que antes era religioso para algo racional e mundano, que agora é regido pela burocracia, que é o que rege o tempo e o espaço por meio do capitalismo. A burocracia é o que estabelece uma dominação legal, para diminuir os possíveis conflitos que possa ocorrer entre o trabalhador e o capitalista, dono dos meios de produção.
Diferentemente de Karl Marx que caracteriza o capitalismo pela luta de classes, pois um trabalha e o outro apenas acumula capital, mas este que acumula capital, fornece a venda dos produtos que o próprio trabalhador assalariado produziu, o que é a base deste conflito, de forma lógica, se uma pessoa produz algo, esta mercadoria dele será e não de quem não a produziu. Esta base conflituosa que consideramos no pensamento de Marx, para Max Weber, ela se diluiria por meio da burocracia, por criar uma explicação de que há posicionamentos burocráticos entre o capitalista e o trabalhador, pois um tem suas funções de produzir e o outro de vender, oferecer matéria prima e os meios de produção, tornando-se esta uma dominação legitima do capitalismo.
Seria pensar, que a burocracia deixaria explicado ao trabalhador assalariado, que ele deve aceitar a mais-valia, como uma dominação legal do capitalismo, que faz parte dele como uma ordem e não ser um ponto para que haja um conflito entre as classes sociais que resultaria na tomada dos meios de produção, como explica Karl Marx.
Podemos dizer que para Max Weber, a formação do capitalismo vai de encontro com a racionalização do mundo que se deu na Europa como um processo histórico, que se distanciou de uma vida meramente voltada ao divino, para uma que ainda considera as religiões como um passo para explicar as realizações mundanas e que as relações de classe teriam uma certa ordem dada pela burocracia, que apresentaria a explicação de uma dominação legal para suprir os possíveis conflitos da relação capitalista.
Para Karl Marx, o processo capitalista se deu pelo materialismo histórico, em que a luta de classes, por mais que seja a história de todas as sociedades, a capitalista se difere pela exploração perversa desta relação, que se estabelece por meio do conflito entre os donos do meio de produção e os trabalhadores assalariados (por conta da existência da mais-valia), que se caracteriza pela explicação de que se o trabalhador produz a ele pertence.