Ciência

Entender as sociedades complexas pela mercadoria

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Danilo Espindola Catalano*

 

Quando pensamos em uma mercadoria, sempre vemos ela comporta de valores, sejam eles de troca ou de uso, ao olhar do senso comum, ela sempre está ali neste sentido, mas não é observado outros pontos, que são os que foram necessários para a construção e a confecção desta mercadoria, pois ela não existe do dia para a noite sem que não haja algum trabalho.

Segundo Karl Marx, está mercadoria será contida de trabalho concreto e trabalho abstrato, que são a força de trabalho despendida para concretizar e finalizar está mercadoria. O trabalho concreto é o tempo e o tanto de força pela qual o individuo necessitou para confeccionar a mercadoria, transformando a matéria prima neste produto. Já o trabalho abstrato é o que dará por si só o valor dessa mercadoria e a mais-valia ao capitalista dono dos meios de produção.

Seria, por exemplo, para confeccionar uma camiseta, a costureira teria que ir buscar a matéria prima, que no caso já chega para ela em linhas prontas para serem costuradas; ela começa a confeccionar a camiseta utilizando de seu trabalho concreto, que é ela ali, trabalhando e despendendo de seu corpo e energia para confeccionar a tal camiseta, mas também há algo abstrato nesta produção, pois ela leva um determinado tempo para finalizar a camiseta, este tempo é unicamente dela, pois se for comparado no processo, o tempo que ela finaliza a camiseta com uma companheira B, pode ser que haja alguma diferença, mesmo que estejamos falando da confecção e do mesmo produto.

Ou seja, se uma costureira A e uma B, confeccionam a mesma camiseta, com seu trabalho concreto dispendendo da mesma energia para a finalização a mesma camiseta, mas no final a costureira A termina de realizar a mesma camiseta em duas horas e a costureira B finaliza em quatro horas, o trabalho abstrato das duas, se caracteriza de maneira distinta e se elas forem autônomas, talvez, vendendo a mesma camiseta, a costureira B cobraria um valor maior do que a da A.

Vale ressaltar que está análise só pode ser feita em sociedades complexas que já utilizem o dinheiro e o consenso do seu valor dentro destas sociedades capitalistas, o que considera uma análise exposta em uma descrição densa, de Clifford Geertz, pois estamos retirando o entendimento de um ponto da sociedade, para que seja descrito em seus mínimos detalhes, tentando entender dentro deste tipo de sociedade, a sociedade capitalista o que seria o ponto central para ela, se seria a mercadoria que a rege para funcionar como é o caso até os dias de hoje.

 

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Estamos descrevendo de forma densa e com todas as características o que engloba um assunto em comum, a mercadoria, que no caso, estamos retirando um “recorte” da sociedade que é a costura de camisetas, sendo que poderíamos falar de diversas outras produções de subsistência dentro da sociedade capitalista.

Está mercadoria está contida de trabalho abstrato, que pelo que vimos no exemplo anterior, é o que dará o seu valor de troca, pois a costureira B só cobrará mais pela camiseta devido ao tempo que levou para confeccionar, que é diferente da costureira A e ela, por este motivo, irá criar sentido à está diferença, expondo que ela tem mais cuidado na hora de fazer, que ela se atenta mais aos detalhes que outras costureiras, dando sentido, ao valor e ao tempo perdido para finalizar a camiseta.

Seria dizer, que mesmo que sejam produtos idênticos, o trabalho abstrato, fará com que eles tenham uma diferença entre si, pois haverá outros fatores a se considerar, que não sejam apenas a energia gasta e o conhecimento manual.

O valor de troca, se estabelece por meio de um consenso, que caracteriza o valor agregado à mercadoria, que considera o tempo gasto, a energia gasta, o conhecimento manual, para chegar ao produto, que neste caso é a camiseta. O valor de troca estará estabelecido por um tanto de dinheiro que será cobrado.

Este valor de troca, só existirá por sua relação finita com o valor de uso, que é a necessidade de um individuo de usar um determinado produto, que no caso é a camiseta, o individuo precisa se vestir, sendo este o valor de uso da camiseta, igual que sua necessidade de não andar despido da rua.

Assim, para entendermos uma mercadoria e sua importância na sociedade capitalista, é importante que tenhamos o entendimento de tudo que está agregado nela e talvez, seja interessante realizar uma análise da realidade desta sociedade expondo uma descrição que explore os conceitos explicados anteriormente e ao mesmo tempo, possa considerar o olhar do pesquisador por sobre o olhar das costureiras, estabelecendo a mercadoria não só mais como uma característica única sem considerar as diferenças das sociedades, mas considerando-a, pensando que estas relações explanadas podem ser distintas dependendo do país em que esteja sendo observado.

Podemos concluir, por tanto que a mercadoria de Marx é um conceito a ser considerado dentro das diversas sociedades complexas, mas o que irá considerar as suas características seja na sociedade brasileira ou na alemã, será a descrição densa de Clifford Geertz, pois é por meio dela que o pesquisador considerará as relações sociais e culturais expostas de forma especifica de cada grupo estudado.

 

 

 

 

 

*Danilo Espindola Catalano é escritor, pesquisador e professor de espanhol, dedicado a passar a cultura latino-americana aos seus alunos. Graduado em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, pós-graduado em Metodologia do Ensino da Língua Espanhola, Especialista em Educação e Cultura pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais Brasil e cursando licenciatura em Letras Português/Espanhol.