Danilo Espindola Catalano
América Latina 02/Jun/2023 às 16:33 COMENTÁRIOS
América Latina

Existe populismo radical?

Danilo Espindola Catalano Danilo Espindola Catalano
Publicado em 02 Jun, 2023 às 16h33
Venezuela Libre (Imagen)

Danilo Espindola Catalano*

 

A essenção de políticos como Evo Morales, Rafael Correa, Luís Inácio Lula da Silva e Cristina Fernandéz de Kirchner, são resultado das más qualidades das políticas neoliberais anteriores, que implementaram suas políticas resultando em aumento da desigualdade social, que resultou em uma crise de representatividade, que é o que Carlos de la Torre (2017) nos explica, como este um dos principais fatores, mas também, pelas promessas que se dispunham os políticos citados, que era varrer a corrupção do país, criar formas participativas da democracia, (a exemplo da Revolução Cidadã de Rafael Correa no Equador), além de melhorar a distribuição de renda.

 

A utopia radical de que os poderes de esquerda que tomaram posse no início do século XXI sejam a volta de um pensamento socialista com uma nova visão, ressurge não por conta de uma falta de estudo ou de informação, mas pela falta de entendimento e de interesse em saber sobre a implementação de algo que na verdade desde a sua existência é meramente científico. Radical populists brought back the old leftist utopias of socialism and revolution, but with a new twist. (DE LA TORRE, p. 6, 2017)

 

Alguns exemplos sobre essa falta de entendimento, pode ser a política de Lula da Silva, que é uma distribuição de direita e neoliberal, dar dinheiro para as pessoas que não tem para que possam comprar bens, não é e nunca será uma política socialista, (o Bolsa Família), criar diversas opções sociais populares de crédito para aumentar o poder dos bancos, onde isso tudo é uma política comunista? Parece que dar e distribuir melhor as rendas dando oportunidades para os que antes não tinham, que poderia ser uma política e atitude adequada de direita, passa a se tornar uma forma radical de atuar.

 

Não aceitar o neoliberalismo, não tem a ver com ser socialista, mas com um outro ponto, que o autor não explana, não sabemos se por falta de interesse ou por sua mera intenção social e política. Mas é que ele impõe a segunda causa para os populistas, que aqui parece que ele não tem um entendimento muito bem formado do que é o conceito, o que podemos ajudá-lo mais à frente, considera o avanço desses governos pelo “ódio” ao neoliberalismo. Mas como pode haver um “ódio” ao neoliberalismo, se explanei no parágrafo anterior que o presidente Lula realizou uma política neoliberal? Vamos lá, acredito que o autor está como no exemplo dos protestos na Venezuela por conta da alta dos combustíveis, vendo apenas fatos ocorridos e não se adentrando ao mais importante, que é ver cientificamente o todo.

 

Carlos de la Torre (2017), apresenta que os protestos na Venezuela, em meio a visões pejorativas, para que a repressão estatal pudesse ter sua justiva, o que se tornou, junto com a visão antineoliberal e o fim do catel de políticos corruptos, Hugo Chavéz pudesse chegar ao poder em 1998. O que parece ser pláusivel, pois os protestos da época e a repressão, não só movimenta a política, mas o social, que se coloca contra um governo opressor e se o general teve em sua campanha uma atitude que se aproximasse desse contexto, realmente, o ajudou a ascender ao poder.

 

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Interessante que o autor, percebe como agem os políticos populistas, que para ele são radicais, acredito que pelo ano em que foi realizado o trabalho, ele teve o interesse de apresentar uma crítica aos políticos da esquerda, pois ele percebe que eles agem como se eles fossem o popular, como se o povo fosse eles, pois isso é a essência do conceito de populismo, mas que não é de esquerda, mas sim uma forma política de agir que transcende qualquer bipolaridade entre esquerda ou direita.

Isso porque, vimos uma ascensão na segunda metade do século XXI, de uma direita extremista e populista, até por isso Jair Messias Bolsonaro (PL) e o presidente de El Salvador Nayib Bukele, se sustentaram e se sustentam pelo povo que os seguem e não por eles mesmo, por isso não é possível dizer que exista um populismo radical, pois o conceito em sí já se classifica como tal, pois utilizasse das massas para poder ascender a uma pessoa, seja ela quem for, ao poder do país.

 

Bibliografia

 

DE LA TORRE, Carlos, Populism in Latin America. The Oxford Handbook of Populism, 2017.

 

 

*Danilo Espindola Catalano é escritor, pesquisador e professor de espanhol, dedicado a passar a cultura latino-americana aos seus alunos. Graduado em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, pós-graduado em Metodologia do Ensino da Língua Espanhola, Especialista em Educação e Cultura pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais Brasil e cursando licenciatura em Letras Português/Espanhol.

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