Imprensa internacional repercute condenação de Bolsonaro: "Baque para a extrema-direita"
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi declarado inelegível por oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Por 5 votos a 2, a corte concluiu que Bolsonaro cometeu abuso de poder político ao atacar as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral diante de embaixadores, em Brasília. A ação foi movida pelo PDT.
Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, disse que a decisão do TSE é “injusta” e anunciou que Bolsonaro será o “eleitor mais forte de 2024”.
A condenação de Bolsonaro teve repercussão internacional. O ‘Washington Post’ se referiu a Bolsonaro como “Trump dos Trópicos”. No Brasil, Bolsonaro repetiu movimentos do trumpismo para se eleger em 2018, investiu na disseminação de fake news e teorias da conspiração, além de levantar suspeitas sobre o processo eleitoral.
“Ninguém no Brasil mostrou a capacidade de Bolsonaro de energizar a direita. Mas seus aliados já estão buscando seu substituto. Eles esperam que lançar o ex-presidente como vítima de um sistema corrupto fortaleça sua causa. Um candidato para sucedê-lo, dizem os apoiadores, é sua esposa, Michelle Bolsonaro”, publicou o Post.
O New York Times diz que a decisão do TSE “remove um dos principais candidatos da próxima disputa eleitoral” no Brasil e desfere um golpe significativa no movimento da extrema direita.
BBC, CNN e Al Jazeera lembraram que a defesa de Bolsonaro ainda pode recorrer da decisão, mas que ele dificilmente conseguirá um resultado diferente no STF.
O Diário de Notícias, de Portugal, destacou os planos de Bolsonaro e do PL para as eleições municipais de 2024. Eles devem criar uma campanha sob o mote “perseguição política” para angariar mais votos.
A cientista política Rosemary Segurado avalia que, a partir de agora, o ex-presidente vai se empenhar para garantir a própria sobrevivência política.
Ela entende que o julgamento não deve inibir a expansão das redes de notícias de falsas. Inabilitado para concorrer a cargos públicos, Bolsonaro deve gastar todas as energias para se manter vivo nas redes sociais. Por conta disso, avalia Rosemary, toda a rede desinformação que ele alimentou nos últimos anos permanecerá ativa.
“A narrativa da vitimização tende a trazer um conjunto de desinformações e fake news. Eu acho que a grande questão do bolsonarismo é como manter o tema na rede”, analisou.