"Qual espada vai preferir ter sobre a cabeça?". Em reunião, partido de Bolsonaro fez chegar aos ouvidos de Kassio Nunes Marques que ele "não terá vida fácil" se votar contra o ex-presidente no julgamento que começa daqui a pouco no TSE. O temor pelo voto do ministro surgiu após ele não atender telefonemas
O ministro Kassio Nunes Marques foi ameaçado por dirigentes do PL (Partido Liberal) horas antes do julgamento que definirá o futuro político de Jair Bolsonaro. O “recado” dado foi decidido em uma reunião com o próprio Bolsonaro, Valdemar Costa Neto, general Braga Netto e outros advogados, segundo apuração da colunista do UOL Thaís Oyama.
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Nunes Marques foi indicado pelo ex-presidente ao STF (Supremo Tribunal Federal) e também compõe o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). “Decidiram que fariam chegar aos ouvidos do ministro Kassio Nunes Marques a seguinte pergunta: qual espada ele vai preferir ter sobre a cabeça? Na verdade, ele teria duas, na palavra de um dos presentes. Ele teria a espada da esquerda sobre a cabeça dele, se votar a favor da absolvição de Bolsonaro, tendo as críticas da esquerda, do PT, do governo e da imprensa, que consideram estar desfavorável a Bolsonaro”, disse uma fonte da colunista.
“Se, no entanto, ele votar contra a absolvição de Bolsonaro, ele terá sobre a cabeça dele, a espada do bolsonarismo. Nas duras palavras de um integrante do PL, ele vai ficar impedido de andar nas ruas, impedido de frequentar restaurantes com a família dele, dificuldade de pegar avião sem ser incomodado e vai ter uma avalanche de críticas e ataques nas redes sociais”, continuou.
O temor de um voto contra a absolvição de Bolsonaro por parte do ministro vem após ele não atender telefonemas e não dar indicativo de qual será seu posicionamento no julgamento, de acordo com a colunista.
O que está em jogo
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começa nesta quinta-feira (22) a julgar a ação que pode tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível.
A ação contra a chapa Bolsonaro-Braga Netto foi apresentada pelo PDT, que questionou a conduta de Bolsonaro em uma reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho de 2022.
O partido pede a inelegibilidade por suposto abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
Então presidente e pré-candidato à reeleição, Bolsonaro fez declarações sem provas que colocavam em dúvida a segurança das urnas e do processo eleitoral. A reunião foi transmitida pelo canal oficial do governo e nas redes sociais de Bolsonaro.
O ex-vice presidente, Walter Braga Netto, também poderá ficar inelegível pelo mesmo prazo caso o TSE entenda que houve abuso.
O julgamento pode se estender por mais de um dia. Por isso, o TSE também reservou as sessões dos dias 27 e 29 para analisar o caso.
Se os ministros considerarem que procedem as acusações contra Bolsonaro e Braga Netto, eles serão declarados inelegíveis e não poderão concorrer às eleições municipais de 2024 e às presidenciais de 2026.
Em 2021, o TSE entendeu que a disseminação de ataques infundados ao processo eleitoral pelas redes sociais pode levar à inelegibilidade. Em resolução, o tribunal consolidou esse entendimento, proibindo a divulgação de “fatos sabidamente inverídicos” que atinjam “a integridade do processo eleitoral”.
Além da ação que será julgada hoje, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem atualmente outras 15 ações de investigação que apuram condutas do ex-presidente Jair Bolsonaro e que podem levar à inelegibilidade.
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