Ex-policial Élcio Queiroz rompeu 'pacto de silêncio' e foi transferido para a Papuda para não morrer; sua família também receberá proteção. Ministério Público diz que Ronnie Lessa pagou advogados de Élcio para evitar delação
O ex-policial Élcio Queiroz forneceu detalhes sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em uma delação premiada à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ).
Por isso, na última quarta-feira (26), ele foi transferido para a ala de segurança máxima do presídio da Papuda, no Distrito Federal. Sua família também receberá proteção.
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Élcio dirigiu o Cobalt prata usado no atentado contra Marielle em 14 de março de 2018. Ele está preso desde 2019, quando também foi preso o ex-policial reformado Ronnie Lessa, autor dos disparos que mataram a vereadora do PSOL e o motorista Anderson.
Élcio de Queiroz tinha esperança de ser absolvido por falta de provas, mas decidiu fazer a delação quando “percebeu que o cerco estava se fechando”, conforme o surgimento de novas provas que o incriminavam.
Ronnie Lessa, o atirador, teria dito ao comparsa que não fez pesquisas sobre Marielle. Após desdobramentos do caso, Élcio descobriu que o amigo mentiu. A investigação da PF e do MP apontou que Lessa havia feito buscas sobre a vereadora Marielle Franco e sua filha dois dias antes da execução. Com a quebra de confiança, Élcio decidiu fazer a delação, segundo a PF.
“[Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa] estavam muito seguros em um pacto de silêncio. A partir do momento em que a Polícia Federal levou até o Élcio provas de que o Ronnie não teria contado toda a verdade sobre o caso, Élcio percebeu que ele, na verdade, ia acabar tendo problemas”, afirmou o jornalista Mahomed Saigg, que estuda o caso.
“Aquilo que ele tinha de esperança – de uma absolvição ou de uma falta de provas para uma condenação – caiu por terra… Foi a partir daí que, diante dessas provas que começaram a ser apresentadas, ele decidiu falar”, conclui.
A DELAÇÃO
Em seis pontos, confira o resumo da delação de Élcio Queiroz:
1. Ronnie Lessa confessou ter tentado matar Marielle em 2017, três meses antes da derradeira execução;
2. A placa do carro usado no assassinato foi trocada, e a antiga foi picotada e jogada na linha do trem;
3. Toda a comunicação sobre o crime foi feita pelo aplicativo Confide, que teria três camadas de segurança;
4. O sargento da PM executado em 2021, Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, intermediou a contratação de Ronnie Lessa para matar Marielle;
5. As despesas com advogado eram pagas pelo ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, que foi preso nesta segunda (24);
6. Em 2019, os envolvidos no atentado foram avisados sobre a operação que prendeu Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz.
LESSA TENTOU IMPEDIR DELAÇÃO
De acordo com a Polícia Federal e o Ministério Publico, Ronnie Lessa escolheu e pagou os advogados de Élcio para evitar uma possível delação do comparsa.
Segundo o MP, o pagamento dos advogados por parte de Lessa “tinha o evidente objetivo de evitar com que Queiroz rompesse com os comparsas e viesse a se dissociar do Ronnie em sua tese defensiva”.
Esses pagamentos seriam parte de uma mesada no valor de R$ 10 mil, destinada tanto aos advogados quanto à família de Élcio.
Além disso, o Ministério Público esclareceu que, após o acordo de delação de Élcio Queiroz, o advogado anteriormente designado para sua defesa foi substituído por outra advogada, responsável por firmar a delação premiada com as autoridades.
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