Ministro Flávio Dino diz que acompanha o caso e Ministério Público Federal anuncia investigação. Delegado ameaçou, agrediu e colocou arma na cabeça de professor após aluno reclamar que teria sido 'repreendido' pelo docente
O Ministério Público Federal informou nesta quarta-feira (5) que irá investigar o delegado da PF Mário César Leal Júnior, que invadiu a escola do filho e agrediu um professor. A Polícia Federal, por sua vez, informou que abriu um procedimento disciplinar para apurar a conduta do agressor.
O caso foi revelado pelo Pragmatismo na última segunda-feira (3). Após a repercussão, o MPF acionou o delegado, que prestou depoimento e passou a ser investigado por abuso de poder. A história chegou até o Ministro da Justiça, Flávio Dino, que publicou em suas redes sociais que haveria investigação sobre o caso.
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O Pragmatismo conversou com exclusividade com a mãe do professor Gabriel Barbosa Rossi. Maria Helena, que também é professora, relatou que o filho está em choque. “Gabriel chamou a atenção desse aluno em particular e avisou a equipe pedagógica que havia feito essa intervenção. A equipe sabia e conversaria com o pai, caso fosse necessário. O problema é que o pai esperou o professor do lado de fora da escola, armado e com o carro da Polícia Federal. Além de tudo, trata-se de um caso de abuso de poder e mal uso de veículo público”.
Em depoimento, o professor afirmou que não chamou o aluno de nazista, embora testemunhas afirmem que o adolescente já havia sido flagrado fazendo gestos de cunho nazista nas dependências da escola.
“Eu já tinha visto ele [o aluno] fazer comentários de cunho preconceituoso, machista, homofóbico, gordofóbico com os professores e todas essas coisas somavam à visão que eu tinha de comentários detestáveis que ele fazia, inclusive eu disse para ele que em alguns momentos o vi fazer brincadeiras de cunho nazista. Mas eu sei que o menino não é nazista”, relatou o professor Gabriel.
RELEMBRE O CASO
O caso aconteceu na última sexta-feira (30), ao meio dia, na cidade de Guaíra (PR). O agressor se identificou como delegado da Polícia Federal e chegou na porta do Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo (Confracarmo) dirigindo uma viatura da corporação.
Gabriel foi xingado, empurrado, esganado e teve a arma apontada para a cabeça. Um guarda da escola particular tentou intervir para impedir as agressões, assim como uma mãe de uma outra aluna, mas ambos também foram ameaçados pelo delegado e tiveram que recuar.
O pai do aluno estaria indignado após seu filho ser advertido pelo professor. Além disso, o professor teria comemorado ao saber que o aluno passaria a estudar em outra escola. De acordo com testemunhas, o adolescente tem o costume de proferir falas preconceituosas e gosta de desdenhar dos educadores.
MOVIMENTO QUIS CULPAR O PROFESSOR
Algumas pessoas da cidade de Guaíra (PR) se movimentaram para tentar justificar as agressões contra Gabriel e culpar a vítima. “Meu filho não falou de política em sala de aula, mas desde o ocorrido criaram essa narrativa nas redes para tentar livrar o agressor do crime. Eles dizem que ‘se o professor não falasse de política, nada disso teria acontecido’”, disse Maria Helena, mãe de Gabriel, em entrevista ao Pragmatismo.
O Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo divulgou uma nota sobre o caso. Nos comentários da publicação no Instagram da escola, alguns pais de alunos aplaudem as agressões contra o professor sob a justificativa de que ele seria “da turma do faz o L”.
Outros manifestam apoio ao professor: “Gabriel cumpriu seu papel de impor limites ao mau comportamento de uma criança que não deve ter isso em casa. Pais devem ensinar a esclarecer fatos e dialogar. Tal atitude só cria pessoas egoístas, egocêntricas e violentas. Que os demais pais tomem uma posição também com relação a convivência com alguém que não tolera ser repreendido e, para piorar, tem esta noção de falta de respeito por quem deveriam a lhe ensinar a conviver com outros de forma civilizada e educada”.
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