Rotina de líder do 8 de janeiro mostra que vagabundagem odiosa virou um meio de vida
Polícia Federal prende homem que é apontado como um dos líderes dos atos golpistas de 8 de janeiro. Diego Ventura é considerado um "fanático de direita em tempo integral" e ganhava dinheiro destilando ódio e articulando contra o estado democrático de direito
Preso pela Polícia Federal nesta quinta-feira (20), Diego Ventura é acusado de liderar os ataques golpistas de 8 de janeiro, em Brasília. O homem era uma das lideranças do acampamento montado em frente ao QG do Exército em Brasília, após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições. Ele também chegou a ser detido em dezembro nos ataques terroristas da véspera de Natal, mas foi solto em seguida.
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O homem de 38 anos ficou conhecido entre militantes de direita radical como Diego da Direita Limpa Campos, movimento bolsonarista de Campos dos Goytacazes (RJ).
Poucas horas após uma bomba ser desarmada em um caminhão de combustível em Brasília em dezembro, Ventura foi detido pela Polícia Militar a caminho do STF. Estava com um grupo que levava estilingues, rádios comunicadores e uma faca. Apesar da tensão do dia e dos objetos portados, ninguém ficou preso.
Duas semanas depois, na tentativa de golpe bolsonarista de 8 de janeiro, Ventura participou da invasão ao Supremo. Vídeos revelados pelo Pragmatismo mostram Ventura chutando grades de contenção do lado de fora do STF e comemorando o que chamou de “missão cumprida” já dentro do prédio invadido e depredado.
Junto dele estava Ana Priscila Azevedo, também considerada pela PF como liderança dos ataques golpistas de 8/1. Conhecida entre radicais bolsonaristas, ela vinha divulgando áudios e vídeos em que pregava a tomada dos três Poderes no dia 8. Desde 10 de janeiro, está presa.
Segundo a PF, Ventura estava foragido. Ele foi preso quando estava a caminho de um evento chamado ‘Assembleia Nacional da Direita Brasileira’. Um vídeo divulgado pelo WhatsApp mostra o deputado federal Zé Trovão (PL-SC) convocando para o evento, com camiseta da Abrapa, o grupo de que Ventura fazia parte. O ex-candidato Padre Kelmon também fez a divulgação do evento.
No QG do Exército, Ventura se apresentava como liderança da Abrapa 01, uma dissidência da Associação Brasileira de Patriotas. Administrava grupos da Abrapa 01 no Telegram e as páginas no Instagram e no Facebook “Direita Limpa Campos”, desativadas após os ataques de 8/1.
“Relatório diário de doação da Direita Limpa ao QG de Brasília. Precisamos de 9k (R$ 9.000) para 1 caminhão de água. Segue o pix para quem desejar e puder”, dizia uma das postagens de Diego.
Diego se tornou uma espécie de radical de direita em tempo integral e percebeu que poderia ganhar a vida assim. “É surpreendente que esse radical ainda estivesse livre. É desalentadora a percepção de que o bolsonarista Ventura se tornou um fanático full time […] O ódio vadio se tornou um meio de vida no Brasil”, observou o jornalista Josias de Souza.
Diego Ventura já aparecia convocando para atos radicais desde 2021. Em 7 de setembro daquele ano, quando caminhões e ônibus invadiram a Esplanada dos Ministérios com intenção de chegar ao Supremo, Ventura também fez vídeo convocando para resistir à polícia. “Venham para cá”.
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