Fernando Villavicencio estava em evento de campanha quando foi vítima de atirador; vídeos do exato momento do atentado foram divulgados nas redes sociais do candidato. Villavicencio se declarava defensor das causas sociais indígenas e dos trabalhadores, e também foi líder sindical
O candidato a presidente do Equador Fernando Villavicencio foi assassinato com três tiros na cabeça depois de sair de um comício em uma escola na cidade de Quito nesta quarta-feira (9). Assessores de Villavicencio confirmaram a morte. Vídeos que mostram o exato momento do atentado foram divulgados nas redes sociais (ver abaixo).
As pessoas que estavam no encontro de campanha ouviram disparos e então notaram que Villavicencio caiu no chão. Vídeos do comício publicados em redes sociais mostram que as pessoas tentaram se proteger ao ouvir os tiros.
Semanas atrás, Villavicencio apareceu em 2º lugar em uma pesquisa presidencial. Na última pesquisa, porém, publicada pelo “El Universo”, ele surgiu em 5º lugar. A eleição presidencial no Equador está agendada para o dia 20 de agosto.
Ex-sindicalista
Villavicencio tinha 59 anos, era um ex-sindicalista da empresa estatal de petróleo Petroecuador, e depois se tornou um jornalista que publicou histórias em que denunciava que a companhia perdeu milhões de dólares por negócios ruins.
Entre 2021 e 2023, ele foi deputado federal. Ele se declarava defensor das causas sociais indígenas e dos trabalhadores, e também foi líder sindical.
Em maio, sua chapa presidencial com a ambientalista Andrea González foi anunciada pelo partido Movimento Construye. “Villavicencio era um jornalista e político muito polêmico, conhecido pelos seus trabalhos de jornalismo de investigação. Nos últimos tempos, realizou diversas denúncias contra políticos e grupos do crime organizado que atuam no país”, explica Maria Villarreal, professora de Ciência Política na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
Embora tenha aparecido em 5º lugar em uma pesquisa feita pelo jornal ‘El Universo’ na semana passada, já havia aparecido em segundo e em quarto lugar “e tinha chances de ganhar as eleições em um possível segundo turno, mesmo não sendo o favorito”, segundo a professora.
Villavicencio já vinha sendo ameaçado por diversos membros do crime organizado, em especial o grupo “Los Choneros”. A professora de Ciência Política alerta, porém para a instrumentalização da tragédia para a política equatoriana. De acordo com Villarreal, a suspensão das eleições, marcadas para daqui 20 dias, e a implementação de um estado de exceção seria do interesse de atores antidemocráticos do país.
“Trata-se a todas luzes de uma morte com intencionalidade política, que beneficia aqueles candidatos que pregam o modelo Bukele [presidente de extrema-direita de El Salvador]”.
O Equador irá eleger um presidente, vice-presidente e os 137 parlamentares em 20 de agosto. O presidente Guillermo Lasso dissolveu em maio a opositora Assembleia Nacional. A dissolução, que deu lugar a eleições gerais antecipadas, ocorreu em meio a um julgamento político para destituir Lasso.