Redação Pragmatismo
Mulheres violadas 11/Ago/2023 às 17:41 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

Caso Hyara tem reviravolta e polícia fala em disparo acidental feito por criança de 9 anos

Publicado em 11 Ago, 2023 às 17h41

Polícia conclui que Hyara foi morta por criança de nove anos durante brincadeira com arma de fogo. Familiares da menina se dizem indignados com a conclusão do inquérito: "Estamos sofrendo muito há 40 dias, mas confiamos na juíza e acreditamos que o promotor não vai aceitar esse inquérito"

Hyara Flor Santos Alves
Hyara Flor Santos Alves

A investigação sobre a morte da cigana Hyara Flor Santos Alves atribuiu o episódio a um tiro acidental desferido pelo irmão do companheiro da vítima, de nove anos. A conclusão do inquérito policial foi apresentada na manhã desta sexta-feira (11).

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De acordo com a Polícia Civil, ela e o menino brincavam com a arma no momento do acidente. A criança empunhava o revólver na direção de Hyara, quando disparou acidentalmente.

O revólver, de acordo com a investigação, pertencia à sogra de Hyara. Ela responderá por homicídio culposo e porte ilegal de arma de fogo.

A nova versão apresentada pelas autoridades descarta hipóteses que apontavam desavenças familiares ou feminicídio. “Perícias técnicas e oitivas de testemunhas não corroboram elementos de prova que sugeriam outras motivações como traição ou femincídio”, destacou o delegado Paulo Henrique de Oliveira, coordenador da 23a Coorpin/Eunápolis.

A investigação também rejeitou a possibilidade que Hyara fosse vítima de violência doméstica, conforme apontava a família da jovem. Para isso, os investigadores consideraram as evidências apresentadas pelo laudo da necropsia, que o levaram a rejeitar eventual participação do marido no ocorrido.

Já o tio da vítima foi indiciado por disparo de arma de fogo, referente a tiros deflagrados contra a residência do casal de adolescentes. O menino não responderá pelo crime, uma vez que não há processamento e julgamento penal de crianças com menos de 12 anos.

Pai de Hyara se diz ‘indignado’

Hiago Alves, pai de Hyara, morta aos 14 anos, disse estar “indignado” com a conclusão do inquérito policial que apontou tiro acidental como causa da morte da adolescente.

Ele gravou um vídeo no qual diz que “já esperava” que essa fosse a conclusão da polícia: “Eu já esperava porque desde o início venho tocando nessa tecla. Ele [delegado] ouviu três pessoas manipuladas. (…) Fica aqui minha indignação”, começa.

“Eu e minha família estamos muito tristes e revoltados com isso. A gente está sofrendo tem 40 dias. Morrendo e sofrendo mesmo, e tem uma resposta dessa no inquérito policial. Mas a gente espera e confia muito na juíza e no promotor de Justiça, e confiamos que ele não vai aceitar esse inquérito policial”, continuou Hiago.

Hyara foi baleada na noite de 6 de julho. A jovem chegou a ser levada ao Hospital Maternidade Joana Moura, no centro da cidade, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local.

Os acompanhantes da jovem disseram no hospital que os tiros foram acidentais, mas funcionários do local viram indícios do crime e chamaram a Polícia Militar. A versão inicial foi que Hyara foi atingida quando limpava uma pistola.

O adolescente e marido de Hyara, também de 14 anos, fugiu após o crime acompanhado do pai, de acordo com relatos de testemunhas. Os dois estavam casados há cerca de dois meses.

O jovem foi apreendido em Vitória no fim de julho, dias após a morte, e teve a internação provisória decretada. Ele havia sido apontado como suspeito de praticar “ato infracional análogo ao crime de homicídio qualificado (feminicídio)”.

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