Redação Pragmatismo
Corrupção 16/Ago/2023 às 19:42 COMENTÁRIOS
Corrupção

Declarações do novo advogado de Mauro Cid causam arrepios na família Bolsonaro

Publicado em 16 Ago, 2023 às 19h42

Tempestade perfeita: além das declarações do novo advogado (o terceiro a assumir o caso), pai de Mauro Cid também se manifesta e reclama que filho está atrás das grades "enquanto o ex-presidente leva uma vida normal". Os dois defensores que renunciaram eram próximos ao clã Bolsonaro, enquanto o novo é identificado com o campo progressista

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Bolsonaro e Mauro Cid (divulgação)

Novo advogado de Mauro Cid, o criminalista Cezar Bitencourt afirmou hoje que seu cliente é um “militar cumpridor de ordens”. Essa é a terceira troca confirmada na defesa do ex-assessor especial de Jair Bolsonaro.

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O novo advogado declarou que Cid é um oficial “que cumpre ordens acima de tudo” e que militares também cumprem ordens ilegais e injustas. Bitencourt também diz que Cid é um “grande injustiçado”. Ele deve se encontrar hoje com o militar para definir uma estratégia de defesa.

“Alguém mandou, alguém determinou, ele é só o assessor. Assessor cumpre ordens. Vamos examinar os fatos, saber quem é quem, até onde vai a responsabilidade de um e de outro”, disse o advogado em entrevista à GloboNews.

Cid está preso desde maio. Ele é suspeito de participar do esquema de desvio e venda de joias recebidas pela Presidência e adulteração de certificados de vacina. Ele também teria auxiliado Bolsonaro no esquema de falsificação de vacinas.

A possibilidade de delação premiada de Mauro Cid “não está no horizonte” da defesa, mas não é descartada. É como considera Bitencourt, em entrevista à CNN Brasil, também na manhã de hoje. Ele disse que reconhece a delação como “instituto jurídico legal”.

Bitencourt é o terceiro advogado de Cid. Antes dele, Bernardo Fenelon comandava a defesa do oficial até domingo (13), quando comunicou a renúncia. A saída dele ocorreu após novas revelações sobre a participação de Cid em esquema de desvio de joias da Presidência.

Antes de Fenelon, o criminalista Rodrigo Roca, próximo do clã Bolsonaro, também atuou na defesa do ex-ajudante de ordens e saiu do caso, alegando razões de foro profissional.

Histórico progressista

Cezar Bitencourt utiliza as redes sociais para tratar de temas como aborto, homofobia e racismo. Na imprensa, já criticou a prisão de Lula, disse que Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade e chamou de “asseclas de Jair Bolsonaro” os invasores dos prédios dos Três Poderes.

“Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade”. “Acordamos todos estarrecidos com a afronta do presidente da República ao Supremo Tribunal Federal”, disse ele no ano passado sobre a concessão de perdão dada pelo ex-presidente à condenação pelo STF do ex-deputado federal Daniel Silveira por tentativa de impedir o livre exercício dos Poderes e coação em processo judicial. Este ano, o plenário do STF derrubou o decreto do ex-presidente.

Depois de defender em artigo ao site jurídico Conjur que o pedido de prisão preventiva de Lula “foi açodada, intempestiva e ilegal”, Bitencourt afirmou que “Lula foi condenado sem provas” no caso do tríplex no Guarujá. Ele citou “documentos anotados à mão, com rasuras e sem assinatura do acusado ou de seus familiares”. “Essa suposta prova não comprova a posse e tampouco a propriedade de imóvel algum”, escreveu.

Sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, o advogado disse que “a violência generalizada e antidemocrática” na Praça dos Três Poderes, em Brasília, foi “protagonizada por vândalos e asseclas irracionais de Jair Bolsonaro”.

O criminalista defendeu em 2 de junho a indicação de Cristiano Zanin para o Supremo. “Não vejo nenhum problema no fato dele ter sido advogado do presidente”, afirmou. “[A escolha] é de foro íntimo, e nesse aspecto Lula tem muita experiência, indicou nove ministros, e não vi nenhum erro grave [deles]”.

Bitencourt é a favor do direito ao aborto e costuma criticar ferozmente casos de racismo, homofobia e feminicídio.

Pai de Mauro Cid

O general Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid, se afastou de Jair Bolsonaro depois que o filho foi para a prisão. O clima entre ele e o grupo próximo do ex-presidente é de tensão. As informações são da jornalista Monica Bergamo.

O general —que sofreu operação de busca e apreensão na semana passada por ajudar a vender nos EUA joias que Bolsonaro recebeu de presente de autoridades estrangeiras— sempre foi amigo próximo e fiel ao ex-presidente.

Há algumas semanas, porém, ele começou a reclamar com interlocutores do fato de o filho estar preso desde maio, enquanto Bolsonaro e outros auxiliares do ex-presidente seguem levando uma vida normal.

Na visão do general, o peso dos erros da equipe está caindo quase que exclusivamente nos ombros do tenente-coronel Cid, investigado por falsificar cartões de vacina e por viabilizar a venda das joias de Bolsonaro nos EUA.

A tensão foi aumentando na medida em que a permanência do filho atrás das grades se prolonga. O general Mauro Cid acreditava que ele seria solto poucas horas depois de ser detido.

A prisão, no entanto, já dura três meses. E a situação só piora. Não apenas o tenente permanece preso como o próprio general foi envolvido no escândalo sob a suspeita de ajudar na venda das joias e de guardar US$ 25 mil em cash para entregar posteriormente a Bolsonaro.

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