Redação Pragmatismo
América Latina 10/Ago/2023 às 08:40 COMENTÁRIOS
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“Los Lobos” assumem autoria do atentado contra candidato à Presidência do Equador

Publicado em 10 Ago, 2023 às 08h40

Diferente do que foi dito nas primeiras horas após o atentado, Fernando Villavicencio pode não ter sido morto pelos “Los Choneros”. Em vídeo, o grupo rival “Los Lobos” assumiu a autoria do crime, explicou as “motivações” e fez ameaças a outros presidenciáveis

los lobos equador

A facção criminosa Los Lobos, a segunda maior do Equador, reivindicou o assassinato do candidato à Presidência do Equador, Fernando Villavicencio, nessa quarta-feira (9/8) [vídeos abaixo].

Segundo a rede estatal britânica BBC, cerca de 8 mil pessoas fazem parte do grupo que é dissidente da facção “Los Choneros” (braço do Cartel de Sinaloa no Equador).

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Nas primeiras horas após a morte do candidato, a imprensa noticiou que o candidato teria sido morto pelos Los Choneros. No entanto, quem assumiu a autoria foi o principal grupo rival.

A organização criminosa garante que fala por seu líder máximo ‘Pipo’ e ‘o menor Esteban’, se dirigindo ao povo equatoriano. Os “Los Lobos” são considerados a segunda maior facção do país.

Na gravação, é possível ver diversos criminosos vestidos de preto e com balaclavas cobrindo os rostos enquanto exibem armas de grosso calibre. O homem que lê um tipo de “manifesto” ainda faz ameaças a outros políticos, inclusive Jan Topic, que também é candidato à Presidência.

“Queremos deixar claro para todos que cada vez que políticos corruptos não cumprirem com suas promessas antes estabelecidas, quando receberem nosso dinheiro – que são milhões de dólares -, para financiar suas campanhas, serão executados”, diz um deles.

Villavicencio declarou, na semana passada, que vinha recebendo ameaças da facção Los Choneros, especializada em extorsão, tráfico de drogas e homicídios, e grupo do qual o Los Lobos se originou.

ENTENDA O CASO

Villavicencio foi assassinado depois de sair de um encontro político na cidade de Quito. Ele chegou a ser socorrido para a Clínica da Mulher, hospital mais próximo do local do crime, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no centro de saúde.

Um dos suspeitos de efetuar os disparos foi morto depois de uma troca de tiros com a polícia, diz o Ministério Público. Outros seis suspeitos de envolvimento no crime foram presos.

Ao menos 9 pessoas ficaram feridas no ataque, incluindo uma candidata à deputada e dois policiais, segundo o Ministério Público, que acompanha as investigações do caso. Sete feridos estão internados na mesma clínica para onde o presidenciável foi socorrido.

Fernando Villavicencio

Villavicencio tinha 59 anos, era um ex-sindicalista da empresa estatal de petróleo Petroecuador, e depois se tornou um jornalista que publicou histórias em que denunciava que a companhia perdeu milhões de dólares por negócios ruins.

Entre 2021 e 2023, ele foi deputado federal. Ele se declarava defensor das causas sociais indígenas e dos trabalhadores, e também foi líder sindical.

Em maio, sua chapa presidencial com a ambientalista Andrea González foi anunciada pelo partido Movimento Construye. “Villavicencio era um jornalista e político muito polêmico, conhecido pelos seus trabalhos de jornalismo de investigação. Nos últimos tempos, realizou diversas denúncias contra políticos e grupos do crime organizado que atuam no país”, explica Maria Villarreal, professora de Ciência Política na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

Embora tenha aparecido em 5º lugar em uma pesquisa feita pelo jornal ‘El Universo’ na semana passada, já havia aparecido em segundo e em quarto lugar “e tinha chances de ganhar as eleições em um possível segundo turno, mesmo não sendo o favorito”, segundo a professora.

Villavicencio já vinha sendo ameaçado por diversos membros do crime organizado, em especial o grupo “Los Choneros”. A professora de Ciência Política alerta, porém para a instrumentalização da tragédia para a política equatoriana. De acordo com Villarreal, a suspensão das eleições, marcadas para daqui 20 dias, e a implementação de um estado de exceção seria do interesse de atores antidemocráticos do país.

“Trata-se a todas luzes de uma morte com intencionalidade política, que beneficia aqueles candidatos que pregam o modelo Bukele [presidente de extrema-direita de El Salvador]”.

VÍDEOS:

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