Professora é arremessada de brinquedo no parque de diversões Mirabilandia, em Pernambuco
Cabo de brinquedo se rompeu e professora foi arremessada; parque continuou funcionando mesmo após a tragédia. Vítima teve traumatismo craniano, perfuração no pulmão, fratura exposta no braço e está em estado grave. Família busca Justiça, enquanto engenheiro responsável presta depoimento e tenta isentar parque de culpa
A professora Dávine Muniz Cordeiro, de 34 anos, foi arremessada de um brinquedo no parque de diversões Mirabilandia, em Pernambuco. A tragédia aconteceu na última sexta-feira (24) e o estado de saúde da mulher é considerado grave.
Dávine estava com uma amiga em um brinquedo chamado Wave Singer, que gira no ar. Segundo testemunhas, o brinquedo girou duas vezes. Na terceira, o cabo se rompeu e Dávine foi arremessada.
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O parque continuou funcionando no dia do acidente. Apenas o Wave Singer ficou fechado. No dia seguinte, o Procon foi até o parque e interditou o espaço. O Mirabilandia é um parque tradicional de Olinda, com mais de 20 anos de funcionamento.
Parentes dizem que estão “destruídos emocionalmente” e nem conseguem ir ao hospital para vê-la. A professora teve traumatismo craniano, perfuração no pulmão e fratura exposta no braço. Exames também investigam possível lesão na coluna. Até o momento, Dávine usa um colar cervical. A professora passou por cirurgia na face e fez uma drenagem para retirar os coágulos do cérebro.
“Ela chegou ao hospital com fratura exposta no braço, trauma no pulmão e alguns problemas na face. Fez cirurgia na face e depois o pessoal da neurologia a levou para fazer a descompressão do cérebro e drenagem nos coágulos. Nas últimas 48 horas ela apresentou uma melhora”, diz Ricardo Lima, tio de Dávine.
Pais e o irmão de Dávine estão muito abalados e não podem ir ao hospital vê-la. “A família está descompensada. Estão emocionalmente destruídos, não dormem e precisam de remédios ao longo do dia”, disse Ricardo, que acompanha a sobrinha no hospital.
O pai de Dávine foi ao hospital, mas entrou em estado de choque. “Ele veio na segunda à noite e, pela primeira vez depois do acidente, viu a filha de longe e ficou totalmente descompensado. Depois disso, está proibido de vir porque não tem condições emocionais.”
Dávine é professora de inglês, trabalha como coordenadora pedagógica e gosta de curtir a vida com os amigos, segundo o tio. Ele disse ainda que a sobrinha adora ir ao parque de diversões. “Os amigos dela gostam dessa vibe. Pessoas jovens e tranquilas como ela, que gostam de curtir a vida e são extrovertidos”.
Família quer Justiça
Parentes querem transferência de Dávine. Atualmente, ela está internada no HR (Hospital da Restauração), mas a família quer a transferência para um hospital com mais suporte na área neurológica, disse a advogada Sandra Filizola, que está representando a família nas negociações com o parque de diversões Mirabilandia.
“A família não tem exigência de hospital. Queremos um que tenha suporte neurológico, pois Dávine está com traumatismo craniano, está com um dreno na cabeça. E esse custo precisa ser arcado pelo parque”, disse Sandra Filizola, advogada.
Segundo Sandra, a Polícia Civil fez uma perícia no Mirabilandia, e a amiga que acompanhava Dávine no parque de diversões prestou depoimento. “Queremos apuração rápida. O parque terá de arcar com a responsabilidade civil e penal”, disse.
Engenheiro responsável
O engenheiro responsável pelo Mirabilandia prestou depoimento à polícia nesta terça-feira (26). Ely Gomes dos Santos negou que havia desgaste nas quatro correntes que sustentavam o balanço e que se romperam no momento do acidente.
“Uma falha numa corrente se dá por fadiga, o que não foi o caso; por carga excessiva, o que não foi o caso; e por defeito de fabricação. Provavelmente, digo provavelmente, foi esta a causa do acidente. Mas temos que fazer testes, ensaios”, afirmou.
Segundo o engenheiro, que presta consultoria ao Mirabilandia há dez anos, o brinquedo foi produzido por uma fábrica italiana. Ele disse ainda que o peso da vítima não contribuiu para a queda do balanço.
“Uma corrente com elo de 6 milímetros de diâmetro, seguramente, vai suportar aí, em números sem muita precisão, acima de 250 kg. Nós tínhamos quatro correntes, ou seja, suportaria uma carga superior a mil quilos”, explicou o engenheiro Ely Gomes.
O engenheiro afirmou também que as correntes foram trocadas em 2020, de acordo com ele, porque, até então, parte delas era de aço carbono, material mais vulnerável em áreas litorâneas.
“Nós estamos numa região onde a salinidade [do mar] ataca muito o aço carbono. Por isso, foram colocadas correntes de aço inox. E elas são mais seguras”, informou Gomes.
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