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Homens que assassinaram médicos da USP são encontrados mortos no Rio de Janeiro

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Queima de arquivo ou julgados pelo tribunal do crime? Um dos mortos é o ex-líder da milícia Gardênia Azul, que dominou a região por três décadas. Quatro corpos foram encontrados e dois já foram identificados. Médico que sobreviveu ao atentado não corre risco de morte

Médicos vítimas de atentado no Rio. Apenas um deles sobreviveu

A Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ) localizou, no fim da noite dessa quinta-feira (5/10), quatro corpos. Segundo informações do setor de inteligência do órgão, dois deles seriam dos assassinos dos três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, na zona oeste da capital.

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Três corpos estavam dentro de um carro na Rua Abrahão Jabour, nas proximidades do Riocentro; e outro, em um segundo veículo, na Rua da Gardênia, no bairro Gardênia Azul.

Os médicos Marcos de Andrade Corsato, Perseu Ribeiro Almeida e Diego Ralf Bomfim foram assassinados a tiros em um quiosque na orla do Rio de Janeiro na madrugada dessa quinta. Diego era irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL) e cunhado do deputado Glauber Braga (PSOL).

O médico Daniel Sonnewend Proença também estava com o grupo, mas sobreviveu aos ferimentos e está internado na capital carioca. Ele não corre risco de morte.

A suspeita da polícia é que Perseu Almeida teria sido confundido com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho do Dalmir Pereira Barbosa, apontado como chefe da milícia de Rio das Pedras.

De acordo com essa linha de investigação da polícia, líderes do Comando Vermelho (CV) ficaram indignados com o erro dos comparsas e temerosos de que o crime provocasse um revide brutal das autoridades. Assim, os assassinos dos médicos, supostamente, teriam sido submetidos a um “tribunal do crime” que lhes imputou a pena de morte.

A facção teria feito questão de não sumir com os corpos para evitar especulações e para que o caso não ficasse sem um desfecho.

Um dos homens que morreu é Philip Motta, o Lesk, ex-líder da milícia Gardênia Azul e atual aliado do Comando Vermelho. Mesmo sendo um líder narcomiliciano, Lesk não escapou da morte.

Foragido da Justiça do Rio, Lesk teve a prisão preventiva decretada por crime de associação para o tráfico em setembro de 2019. Ele também é apontado como integrante de um grupo paramilitar que atua na zona oeste.

O outro corpo é de Ryan Nunes de Almeida, que integrava o grupo liderado por Lesk. Os demais corpos ainda não foram identificados.

Ainda segundo a polícia, o alvo da execução era o líder miliciano Taillon, que estaria em guerra com a narcomilícia de Lesk pelo controle de bairros da zona oeste carioca. Os executores teriam recebido a informação de que o Taillon estaria em um quiosque na Barra da Tijuca, perto de sua casa, e decidiram, então, assassiná-lo.

Monitorados há meses

Os principais suspeitos de participar da execução dos médicos eram monitorados havia meses pela Polícia Civil. A Delegacia de Homicídios (DH) tinha informações e tentava localizar um Fiat Pulse branco que foi usado no ataque contra os médicos. Segundo a investigação, um modelo da mesma cor havia sido utilizado em outros assassinatos na região.

Alguns desses criminosos, liderados por Lesk, integravam a milícia da Gardênia Azul, que durante três décadas dominou o local. Em dezembro do ano passado, em uma aliança com traficantes do Complexo da Penha, eles deram um golpe e se aliaram ao Comando Vermelho na favela. Nesse período, houve uma série de assassinatos.

O grupo, chamado entre os criminosos da facção de Equipe Sombra, também era alvo de uma força-tarefa montada pela Polícia Civil para combater a guerra que vem sendo travada com milicianos e aterroriza a região há quase um ano.

Por volta das 6h de quinta-feira, quando a perícia no quiosque onde os médicos foram mortos foi finalizada, os investigadores da DH notaram que o carro de onde partiram os assassinos era semelhante ao usado em outros crimes.

Entre os alvos dessa força-tarefa estava o braço direito de Lesk, conhecido como BMW, apelido de Juan Breno Malta Ramos Rodrigues.

É ele que, numa interceptação telefônica feita pela Polícia Civil, comenta sobre a localização do suposto alvo que eles queriam executar — o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa.

A encomenda seria uma retaliação a outro assassinato nessa guerra entre milicianos e traficantes. Aliado de Lesk, Luís Paulo Aragão Furtado, conhecido como Vin Diesel, foi executado no último dia 16 de setembro, e Taillon era apontado como autor do homicídio.

A linha da investigação da DH é a de que os bandidos receberam a informação errada de um olheiro que passou pelo quiosque. E, como um dos médicos era fisicamente parecido com o alvo do bando, todos foram mortos por engano.

A informação gerou mal-estar na cúpula do Comando Vermelho (CV), que fez reuniões por videoconferência. Com isso, quatro acusados e julgados no tribunal do tráfico foram torturados e mortos a tiros.

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