"Estamos combatendo contra animais humanos". Ministro da Defesa de Israel usa frase racista para justificar bloqueio total de energia, água, remédios e alimentos para a população de Faixa de Gaza. Líder de extrema-direita admitiu que partiu dele a ordem do bloqueio total
A declaração de guerra do Estado de Israel contra os palestinos residentes em Gaza incluiu uma medida por parte de Tel Aviv para incrementar o cerco à cidade, com o bloqueio de energia e de suprimentos.
Nesta segunda-feira (09/10), o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, anunciou que seu país passou a impedir o fornecimento de água, gás, combustíveis e alimentos à região palestina.
A medida configura um cerco completo a uma cidade que já se enfrenta, desde 2005, o bloqueio contra o direito de ir e vir – os residentes não podem deixar a cidade exceto quando há uma autorização do governo ou da Justiça israelense. Mesmo o fornecimento de energia e suprimentos carecia dessa autorização que, a partir dessa medida, passará a ser negado independente da circunstância.
“A ordem foi para se estabelecer o bloqueio total para a Faixa de Gaza. Não haverá eletricidade, nem comida, nem água, nem combustível, tudo fechado”, ressaltou Gallant, em entrevista aos meios israelenses.
Em seguida, o ministro da Defesa do governo de Benjamin Netanyahu tentou justificar a medida com uma declaração que demonstrou um tom racista, ao comparar os palestinos com animais.
Yoav Gallant admitiu que foi dele a ordem para ‘estabelecer o bloqueio total de eletricidade, comida, água e combustível’ a Gaza. “Nós estamos combatendo contra animais humanos e estamos agindo em conformidade com esse contexto”, afirmou Gallant.
Yoav Gallant ingressou na política através do partido de centro-direita Kulanu, mas hoje ele integra o partido de extrema-direita Likud.
Embora a declaração de guerra de Israel contra a Faixa de Gaza seja uma reação ao ataque sem precedentes realizado pelo Hamas no último sábado (07/10), também é verdade que esse ataque também é uma reação a anos de ataques israelenses contra as comunidades palestinas, tanto em Gaza quanto na Cisjordânia.
O Hamas justificou suas ações lembrando do aumento dos confrontos com as forças israelenses nos últimos meses, incluindo a invasão da mesquita de Al-Aqsa, local considerado sagrado para os muçulmanos.