Ex-presidente francês diz que vontade de Lula de levar voz do Brasil ao mundo é incontestável e afirma que organismos multilaterais estão ultrapassados. Sarkozy também afirmou que o Brasil deveria ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU: “Quando o Conselho foi criado, o mundo tinha 2 bilhões de habitantes. Hoje são quase 8 bilhões"
O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy citou o protagonismo internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e disse que o Brasil é o parceiro ideal para a França, em participação no evento Fórum Internacional Esfera, em Paris. A fala ocorreu no último dia 13 de outubro.
Sarkozy também fez críticas contundentes a organismos multilaterais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e os Estados Unidos.
“Quando Dilma [Rousseff] era presidente, ela não tinha o protagonismo internacional de Lula. Podemos estar de acordo ou não com Lula, mas a sua vontade de levar a voz do Brasil ao mundo é incontestável”, disse Sarkozy.
“E a França tem que agarrar essa oportunidade. O Brasil é uma grande potência demográfica e ignoram o poder político do Brasil”, completou.
O ex-presidente, que governou a França entre 2007 e 2012, disse que o amigo ideal para o Brasil não pode ser potente demais, nem tão fraco demais, como a França. E fez uma crítica severa aos Estados Unidos.
“Os Estados Unidos são como um senhor que usa um sapato 63. Ele te esmaga com o sapato, te pisa em cima, ele levanta o pé e pergunta: o que você estava fazendo embaixo do meu sapato?”, afirmou o ex-presidente da França.
“Um amigo potente demais é um amigo por vezes perigoso; um amigo que não tem potência, ele é simpático para ir à praia, para jogar carta, falar da vida, mas politicamente não interessa. Brasil e França, nós somos feitos para trabalhar juntos”, acrescentou.
Sarkozy também usou uma analogia para afirmar que, quando Lula e ele eram presidentes, estavam em espectros políticos diferentes, mas se unidos poderiam representar uma grande força global.
“Lula e eu éramos como dois dedos de uma mão, mas vocês vão dizer: ‘Como assim?’ O Lula é de esquerda e eu nunca fui de esquerda, mas Lula dizia com razão: ‘Se nós reunirmos todos os meus amigos e os seus, reunimos 100% do planeta’”, disse.
Durante sua participação, Sarkozy criticou os organismos multilaterais, afirmando que instituições como a ONU perderam relevância.
Ele também defendeu a maior participação de países emergentes nessas instituições, afirmando que o Brasil deveria ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Na visão do ex-presidente, os organismos multilaterais estão ultrapassados. “O sistema multilateral que conhecemos hoje é do século 20 e estamos no século 21. […] Onde está a Organização das Nações Unidas? Desapareceu. Quem dá importância para o que diz o secretário-geral das Nações Unidas?”, questionou.
Sarkozy afirmou que quando o Conselho de Segurança da ONU foi criado, em 1946, o mundo tinha 2 bilhões de habitantes, hoje já são mais de 7 bilhões. “Não tem um país africano [como membro permanente do Conselho], não tem um país da América do Sul, é uma loucura”, disse.
O ex-presidente afirmou ainda que os países europeus dominaram o mundo por cinco séculos e são “potências do passado”, enquanto nações emergentes estão se unindo e ganhando força, citando o Brasil como uma “potência do futuro”.
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