Cabo eleitoral de Jair Bolsonaro em Roraima, Telmário Mota não foi encontrado pela polícia e está foragido. Ele é acusado de estuprar a própria filha e de mandar matar a mãe da menina
Brasil de Fato
A Polícia Civil tenta localizar e prender o ex-senador Telmário Miranda (Solidariedade-RR), acusado de mandar assassinar Antônia Araújo de Souza, mãe de sua filha, no dia 29 de setembro deste ano. Além do político, os policiais também buscam Harrison Nei Correa Mota, conhecido como Ney Mentira, e Leandro Luiz da Conceição, os executores da vítima.
A desavença familiar começou no dia dos pais de 2022, quando a filha de Mota e Araújo de Souza, uma adolescente, acusou o ex-senador de ter passado a mão em suas partes íntimas. A mãe ficou ao lado da filha e registrou Boletim de Ocorrência contra o ex-senador.
“Por ele ser meu pai, por eu ter saído várias vezes com ele eu nunca imaginei [que isso aconteceria]. Desde pequena a gente mantinha contato, ele era distante, mas eu era a filha mais próxima dele. Ele nunca tinha dado sinal de um comportamento assim comigo, nunca. Nem para mim, nem para as outras filhas dele. Abalou todo o meu mundo”, disse a filha de Telmário Mota na época.
De acordo com a investigação, Mota deu a ordem para o assassinato da ex-companheira após uma reunião em uma fazenda sua, a Caçada Real. A moto utilizada pelos executores foi a chave para que a polícia desvendasse o crime. Ela teria sido preparada por uma ex-assessora do político.
Cabo eleitoral de Bolsonaro
Cabo eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Roraima, Mota tinha no deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente, um aliado no governo federal para lutar pelos interesses do agronegócio no norte do país.
Alexandre Saraiva, delegado da Polícia Federal e ex-superintendente do órgão na região amazônica, foi o autor de uma notícia-crime contra o ex-senador, por tentar prejudicar a ação policial contra madeireiros. Salles também é citado no documento.
Segundo Saraiva, Mota articulou reuniões com madeireiros da região, representantes do governo estadual, do Ministério da Justiça e do Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de frustrar a operação da Polícia Federal.
Em 2020, Mota apresentou um Projeto de Lei que previa em seu texto a retirada das armas de fiscais do Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), agentes que constantemente se embrenham em matas para enfrentar a violência do agronegócio.
Sem qualquer pudor, Telmário Mota declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas eleições de 2018, quando concorreu, e perdeu, ao cargo de governador de Roraima, possuir 300 bicos de ave da raça combatente, que somavam um patrimônio de R$ 200 mil, e é uma espécie usada nas rinhas de galo, atividade ilegal no Brasil.
No entanto, Mota nunca escondeu ser adepto da atividade ou teve problemas em divulgá-las em suas redes sociais. Por conta disso, o ex-senador respondeu no Supremo Tribunal Federal (STF) por crime ambiental, mas os ministros da corte entenderam que o crime já havia prescrito e o absolveram, em 2016.
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