Uma eleição que pode mudar o MERCOSUL
*Danilo Espindola Catalano
Recentemente estivemos vendo que um dos países que tem uma das crises mais estranhas e estudadas da região, terá uma eleição com a qual os candidatos têm que se colocar à frente dessa luta contra a inflação exorbitante e a queda do PIB, que chega a cifras nunca antes vistas em países subdesenvolvidos.
É notório o aparecimento do desespero de uma direita latino-americana, que busca reconquistar o poder nos países, como Argentina, Equador, Paraguai e entre outros, que está na imagem póstuma de Jair Messias Bolsonaro no Brasil e de Javier Milei na Argentina, o que com suas medidas desastrosas e sem sentido, busca com um último suspiro manter uma oligarquia colonial moribunda no governo do país, como se isso, assim como no Brasil, fosse a solução para uma crise econômica, política e social, que se alastra e que no caso da Argentina se especifica e piora após as mesmas medidas de um presidente que buscava o mesmo, Mauricio Macri e a pandemia de COVID-19.
O perigo ao MERCOSUL caso ganhe Milei, é caracterizado pelo seu sonho de fim do Banco Central e uso do dólar como moeda nacional, mas também, pela identidade da ultra-direita, que buscará sempre se distanciar de governos que ela considera erroneamente como “comunistas”, que é o caso do governo brasileiro atual.
Em pensando no uso do dólar como moeda nacional, me parece irônico pensar que este candidato que apenas decide gritar como um cachorro raivoso queira usar essa moeda como nacional, pois o centro da crise econômica argentina é o FMI ou a questão a econômica mundial, que usa o dólar como moeda oficial, ou seja, seria apagar um fogo com querosene e os argentinos parecem estar caindo nessa profecia sem nexo ou estudo.
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Com um bloco econômico que busca estruturar suas relações econômicas por uma moeda única em comum, que não mais se aproveite como base de uma moeda de outro país, para que dependa de sua econômica para que seja realizada as transações econômicas dentro da América do Sul, o MERCOSUL busca independência econômica do dólar e Javier Milei, como candidato do principal parceiro econômico do bloco, depois do Brasil, busca a dependência da moeda, que é além de uma volta do colonialismo e de uma dependência colonial, o que Rafael Correa menos desejaria para qualquer outro país, pois ele mesmo sabe o que houve com o Equador após tomas essa medida desastrosa.
Assim, devemos estar preparados para um abalo econômico e político, não só em caráter nacional na Argentina, mas também, em caráter regional, em se pensando no MERCOSUL, que busca seu crescimento e mesmo assim sendo apoiado pelos países pequenos com presidentes de direita do bloco, que podem ganhar força e se voltarem contra o Brasil dentro dos membros plenos, caso as eleições presidenciais argentinas cheguem ao mesmo, pois pensando em um contexto recente, os únicos países que não tem um presidente de direita, são o Brasil e a Bolívia, o que enfraquece as novas medidas do bloco, que já tem o presidente do Uruguai, Lacalle Pou, gritando aos quatro cantos, para se aproximar economicamente da Europa e da China e não se preocupando com medidas como a moeda única.
*Danilo Espindola Catalano é escritor, pesquisador e professor de espanhol, dedicado a passar a cultura latino-americana aos seus alunos. Graduado em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, pós-graduado em Metodologia do Ensino da Língua Espanhola, Especialista em Educação e Cultura pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais Brasil e formado em licenciatura em Letras Português/Espanhol.