Ouvidor das polícias de São Paulo se disse chocado com a postura da policial militar em relação a homem flagrado ameaçando adolescente negro com uma arma. A policial foi identificada e vai responder criminal e disciplinarmente; imagens causaram revolta nas redes
Claudio Silva, ouvidor das polícias de São Paulo, se disse chocado com a postura da policial militar em relação a um homem que ameaçava adolescente negro com uma arma no último domingo (12) em frente à estação Carandiru, na Zona Norte de São Paulo. O vídeo foi publicado pelo ‘Pragmatismo’ nesta terça-feira (ver abaixo).
Para o ouvidor, a policial prevaricou porque viu uma cena de crime e não tomou nenhuma atitude. Ele afirma que, independentemente do crime que possa ter cometido pelo jovem, o rapaz também foi vítima de lesão corporal e ameaça grave por arma de fogo.
“Fiquei muito chocado. Vou questionar a Corregedoria para saber se isso é comum para a corporação, se podemos naturalizar o fato de uma policial militar ver uma pessoa correndo risco de vida e não fazer nada”.
A PM de folga, ainda de acordo com o ouvidor, falhou ao não verificar se o homem armado tinha documentação para usar a arma. Ele explica ainda que, mesmo de folga, como foi alegado no vídeo, a PM poderia ter pedido apoio a outra equipe e transferido a ocorrência para que fosse dado andamento ao caso.
“E se ela não tinha celular, como respondeu à pessoa que gravava, ela poderia ter solicitado o celular para algum popular. Isso se ela estivesse realmente disposta a colaborar para que o desdobramento não fosse o pior, o que poderia ter sido. Houve um risco iminente de vida àquele jovem”.
O ouvidor também quer saber se a polícia investiga o homem que aparece armado nas imagens – chamado de Paulo no vídeo – e o adolescente que, supostamente, estaria cometendo roubos na região naquele domingo (12).
A Polícia Militar afirmou que a policial já foi identificada e vai responder ao caso de forma criminal e disciplinarmente, segundo a Secretaria da Segurança Pública (veja vídeo acima).
De acordo com a SSP, houve uma conduta omissa considerada grave “uma vez que não condiz com as expectativas da sociedade e muito menos com as responsabilidades do profissional de segurança pública”.