Raphael Sousa, dono da Choquei
Apenas no Instagram, perfil da Choquei já perdeu mais de 1 milhão de seguidores após a morte de Jéssica Canedo. Segundo Pedro Serrano, um dos maiores constitucionalistas do Brasil, donos da página devem responder na Justiça: "Fofocas maledicentes sobre pessoas fora da vida pública não estão amparadas pelo direito à livre expressão"
O perfil da página de fofocas Choquei, no Instagram, perdeu mais de 1 milhão de seguidores nos últimos três dias após a morte de Jéssica Canedo. A jovem de 22 anos foi encontrada morta após ser associada em uma fake news de ter um envolvimento amoroso com Whindersson Nunes.
Supostas conversas entre ela e Whindersson foram veiculadas por páginas de fofoca, como a Choquei. O humorista alertou para o erro na publicação. Desde a última sexta, com a morte de Jéssica, a página da Choquei vem sofendo um boicote por parte dos seguidores.
De acordo com a ferramenta Social Blade, que mede a quantidade de seguidores das redes, o perfil da Choquei enfrenta uma debandada de público. Antes da morte de Jéssica, eram mais de 22 milhões de seguidores. Nesta quarta-feira, são 20,8 milhões que seguem a página.
A Choquei é administrada por Raphael Sousa e, desde o ocorrido, suspendeu as postagens.
O professor Pedro Serrano, um dos maiores constitucionalistas do País, se pronunciou sobre o caso. Enquanto a Choquei, em sua defesa, alega ter exercido a liberdade de expressão. Serrano afirmou que o caso específico, que envolve uma mentira maledicente, em base factual, e contra uma pessoa fora da vida pública, não está amparado pela liberdade de expressão. “Os donos da página Choquei devem responder juridicamente pelo mal ocasionado”, escreveu.
“Fofocas maledicentes, em especial sobre pessoas fora da vida pública, não são amparadas pelo direito a livre expressão .Os donos da página Choquei devem responder juridicamente pelo mal ocasionado, uma tragédia o ocorrido”, disse.
ENTENDA O CASO
Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos, cometeu suicídio após ser vítima de uma fake news que viralizou nas redes. A estudante era uma mulher anônima até ter sua identidade “roubada”. Seu nome e imagem foram usados em prints falsos de uma conversa com o humorista Whindersson Nunes que nunca existiu.
A fake news foi inicialmente propagada pela página “O Garoto do Blog”, que possui 1 milhão de seguidores no Instagram. Em seguida, o perfil “Choquei”, considerado o maior do Brasil no segmento de ‘fofoca’, também disseminou a informação falsa. O ‘Choquei’ tem 22 milhões de seguidores no Instagram e 6 milhões no Twitter.
Após as postagens, milhares de internautas passaram a acusar Jéssica de vazar a conversa com Whindersson para se “tornar famosa”. O humorista, então, usou as redes para afirmar que nunca tinha ouvido falar na mulher que aparecia nos prints da conversa, explicando que tudo não passava de uma montagem.
Depois disso, Jéssica Vitória – que já estava longe das redes sociais por conta de uma depressão – criou um perfil no Instagram só para explicar que também tinha sido vítima daquela fake news.
A jovem explicou, por meio de um desabafo, que estava passando problemas de saúde e deixou evidente que não teria sido ela a responsável nem por criar as conversas falsas com Whindersson nem tampouco por disseminá-las, como estava sendo acusada. Seu desabafo foi publicado três dias antes de sua morte.
A mãe de Jéssica também já tinha aparecido em um vídeo, aos prantos, afirmando que a filha teria tentado se matar mais de uma vez.
Raphael Sousa, criador da página “Choquei”, teria ironizado o apelo de Jéssica. Por meio de um comentário feito em perfis de celebridades que expuseram a pronunciamento de Jéssica, Raphael zombou: “Avisa para ela que a redação do ENEM já passou. Pelo amor de Deus!”.
Depois da morte de Jéssica, Raphael Sousa, com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram, privou a sua conta para que apenas os seguidores prévios consigam interagir ou visitar.