América Latina

Começa o enfrentamento do fascismo em Buenos Aires

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Moisés Mendes*, em seu Blog

O mais bem informado dos argentinos não tem como prever o que acontecerá a partir desta terça-feira (19) em Buenos Aires, na Argentina. O povo estará nas ruas contra o fascista que chegou ao poder.

Mas não é o povo disperso, nem a classe média que um dia se junta para caminhar contra o governo, como fizeram pelo menos cinco vezes no Brasil contra Jair Bolsonaro.

É o povo com vínculos com os movimentos sociais, os piqueteiros, gente da pesada disposta a testar até a capacidade de repressão de Milei.

As manifestações de rua começam na terça, mas terão o grande momento na quarta-feira. Nos dias 19 e 20 de 2001, o governo de Fernando de la Rúa matou 38 pessoas em manifestações de rua.

Por isso as datas foram escolhidas antes mesmo da posse do fascistão. A ameaça feita pela ministra da Segurança, Patricia Bullrich, de que os que bloquearem ruas serão presos, teve na segunda-feira o reforço de outro alerta da ministra de Capital Humano, Sandra Pettovello.

A ameaça dela é esta: todos os que recebem algum tipo de benefício social (como algo semelhante ao Bolsa Família deles) e forem às ruas terão a ajuda cortada.

Ela não disse como, nas os jornais informam que será por reconhecimento facial. Vão fotografar os manifestantes.

O governo também vai auditar todas as entidades que fazem repasse de ajudas, como represália. Como farão? Também não se sabe.

O povo vai recuar? “Vamos todos às ruas”, disse Eduardo Belliboni (foto), um dos líderes do Polo Obrero, organização que reúne vários agrupamentos de esquerda.

A terça-feira será apenas o preparativo para o que deve acontecer na quarta, quando os piquetes marcharão em direção à Casa Rosada.

Para provar que a ameaça de repressão deve ser levada a sério, a ministra de Capital Humano (que nome) alertou para que as mães não levem os filhos para os protestos.

Perguntas que somente serão respondidas durante e depois do que está sendo previsto. E se as manifestações forem frustradas pelo medo da repressão?

E se forem maiores do que o governo espera? Qual será mesmo o tamanho da violência policial?

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).

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