Curitiba: Investigações apontaram que o delegado disparou sete vezes contra a esposa e seis contra a enteada. As duas caem abraçadas no chão. Erik Busetti estava à frente do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente. Júri popular deve ocorrer em maio de 2024
Câmeras de segurança registraram discussões e agressões cometidas pelo delegado Erik Busett momentos antes de ele assassinar a esposa, Maritza Guimarães de Souza, e a enteada, Ana Carolina de Souza. O crime aconteceu em 2020, mas as imagens só foram divulgadas agora.
Maritza tinha 41 anos e era policial civil, a filha dela tinha 16 e era estudante. Elas foram mortas na própria casa. Segundo a polícia, uma filha de 9 anos do casal estava dormindo no quarto no momento do crime e ouviu os disparos.
Nas imagens é possível observar que, por volta das 21h13, Erik e Maritza discutem. A discussão dura cerca de três horas — o casal aparece brigando em vários cômodos da casa. Por volta de 0h16, Maritza pega a bolsa, desce a escada, e vai para a saída da casa.
Em seguida, Erik bate na porta do quarto de Ana, que levanta da cama e abre a porta. Ele a agride com chutes e tapas. Maritza volta para tentar defender a filha.
O vídeo mostra que Erik dispara contra as duas, que caem abraçadas no chão. As imagens são muito fortes, podem despertar gatilhos e não serão publicadas. A câmera não mostra qual das duas vítimas foi baleada primeiro.
As investigações apontaram que o delegado disparou pelo menos sete vezes contra a esposa e seis contra a enteada. O então delegado anda de um lado para o outro na sala onde as duas estão mortas. Em seguida, ele desce e sai na garagem com a arma na mão.
Erik Busetti está preso no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, desde os assassinatos. O delegado foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) por duplo feminicídio. As promotoras apontam que Ana Carolina e Maritza não puderam se defender.
No caso do assassinato de Maritza, também incide a qualificadora de motivo torpe porque, segundo a acusação, ele não aceitava os termos do fim da relação.
O casal estava junto havia, aproximadamente, dez anos, e estava em processo de separação, conforme o relato de testemunhas e familiares.
A Justiça determinou que ele vá a júri popular, previsto para ocorrer no dia 15 de maio de 2024.
O delegado estava lotado na Delegacia do Adolescente e, até janeiro de 2019, estava à frente do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria). Maritza trabalhava como escrivã na Divisão de Planejamento Operacional da Polícia Civil.