Invasão à TV ocorreu horas após Daniel Noboa, presidente direitista do Equador, decretar estado de exceção no país por conta da fuga da prisão de 'Fito', chefe do grupo Los Choneros. Noboa, de apenas 36 anos, foi empossado como presidente em novembro sob a promessa de "restaurar a segurança e a moralidade" do Equador
Nesta terça-feira (9) um grupo de homens fortemente armados invadiu o canal TC Televisión em Guayaquil, Equador, durante uma transmissão ao vivo. As imagens capturaram o momento em que vários indivíduos encapuzados renderam produtores e jornalistas da referida emissora.
A Polícia Nacional do Equador informou que cercou o local, e o jornal “El Universo” afirma que agentes de polícia entraram no prédio. Os homens mantêm pessoas como reféns e houve disparos dentro do estúdio, segundo o site de uma outra TV, a “Ecuavisa”.
Segundo o jornal “El Universo”, um artefato explosivo foi colocado na recepção do canal e há indicações que mais de 10 pessoas entraram no canal foram ao estúdio do programa El Noticiero, que estava sendo transmitido ao vivo. O Estado do Equador é o sócio controlador da TC Televisión.
O Equador vive uma crise de segurança há dois dias. O presidente equatoriano, Daniel Noboa, decretou estado de exceção na segunda-feira (9), depois da fuga da prisão de um criminoso conhecido como Fito, chefe do grupo Los Choneros. O Ministério Público acusa funcionários do próprio presídio de terem facilitado a fuga.
Noboa, de 36 anos, é o presidente mais jovem do Equador e chegou ao poder com a promessa de atacar com firmeza os grupos de traficantes, ligados a cartéis colombianos e mexicanos.
Daniel Noboa é considerado um político de ‘centro-direita’. Mayra Goulart, professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom) explica que, na questão da segurança pública, fundamental nas eleições do Equador, “a solução que Noboa oferece é muito clássica da direita, que é o aumento do punitivismo”. “Noboa tem uma ideia ousada de separar os presos mais perigosos, colocando-os em barcos no mar”.
Para a pesquisadora, o novo presidente do Equador só se separa da direita nas pautas de costumes, que não têm viés conservador na sua plataforma de campanha.
Daniel Noboa pertence à terceira geração de uma família de empresários multimilionários de Guayaquil. Seu avô, Luis Noboa Naranjo (1916-1994), fundou a Exportadora Bananera Noboa e chegou a ser considerado o homem mais rico do Equador.
O pai de Daniel, Álvaro Noboa Pontón (Guayaquil, 1950), expandiu o negócio da família para além das bananas, passando a controlar uma rede multinacional de empresas sob a bandeira do Grupo Noboa.
O sucesso econômico do clã foi várias vezes afetado por alegações de evasão fiscal e exploração laboral.