Mulheres violadas

Homem que instalou câmera escondida em vestiário feminino da FGV filmou o próprio rosto

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Filmou o próprio rosto: imagens mostram homem responsável por instalar câmeras em vestiário feminino da FGV mexendo no equipamento

Paulo Tadeu de Oliveira

g1

O homem que foi preso na terça-feira (6) em São Paulo por instalar câmeras no vestiário feminino de funcionárias terceirizadas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) teve o rosto registrado pelo próprio equipamento. Funcionário terceirizado da limpeza da instituição, ele foi detido em flagrante também por armazenar pornografia infantil em CDs e no computador que tinha em sua residência.

De acordo com o delegado Percival Alcântara, do 5º DP, no Centro, algumas das vítimas que se trocavam no vestiário feminino perceberam que, em uma tomada, havia uma pequena câmera que filmava a troca de roupas. Ao menos cinco vítimas foram identificadas.

“Imagens e filmagens de mulheres com roupas íntimas e nuas. Esse fato configura um crime de registrar intimidade. Eram duas câmeras: uma estava em uma tomada e outra em um armário. Um dos acessórios estava apreendido pela FGV”, disse o delegado.

Paulo Tadeu de Oliveira, de 55 anos, aparece em um dos arquivos analisados pela polícia mexendo na câmera. No começo da gravação, ele chega a olhar para a lente.

Em nota, a FGV informou que “não teve conhecimento de que tenha havido funcionários ou alunos seus envolvidos ou vítimas da prática de tais atos. Tão logo foi informada dos fatos envolvendo prestadores de serviços terceirizados como supostos autores e vítimas, a FGV notificou a empresa responsável pelos serviços de limpeza (Colorado Serviços Ltda.), empregadora do funcionário acusado, requerendo seu imediato afastamento e a adoção das medidas necessárias, ’em caráter de urgência’, para apuração dos ‘fatos, conjuntamente com as Autoridades Policiais”‘.

No comunicado, a instituição também afirma que “não só se colocou inteiramente ‘à disposição para colaborar no que for necessário’, como recomendou à empresa prestadora de serviços que as suas funcionárias que se sentissem vítimas do ocorrido registrassem Boletins de Ocorrência perante as autoridades policiais competentes, o que foi feito e permitiu a apuração, confissão e prisão do autor terceirizado. A FGV permanecerá contribuindo com as investigações até sua conclusão, reiterando seu repúdio à prática de qualquer forma de assédio, abuso ou discriminação”.

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A empresa Colorado Serviços Ltda. também se manifestou por meio de nota, afirmando que afastou o acusado das atividades na instituição de ensino superior assim que tomou conhecimento do ocorrido e ofereceu suporte psicológico e jurídico às vítimas. No posicionamento, a companhia se referiu ao homem como “ex-colaborador” (leia mais abaixo).

Busca e apreensão

Com autorização da Justiça, foi cumprido um mandado de busca e apreensão na casa do suspeito, onde foi encontrado o material com imagens das mulheres e o conteúdo com centenas de crianças e adolescentes.

Ele foi preso em flagrante e será apresentado na audiência de custódia por armazenamento de pornografia infantil, por filmar a intimidade e por crime de stalking (ou “perseguição”, na tradução do inglês). A prática virou crime somente em 2021, quando foi incluída no Código Penal.

Segundo a polícia, ele perseguia uma das vítimas, que teve até um localizador colocado em uma bolsa, recebia ligações frequentes e tinha fotos dela reveladas por ele, que confessou na delegacia ter instalado os equipamentos no local.

A investigação vai ouvir testemunhas, e o material será encaminhado para a perícia.

Nota da Colorado Serviços Ltda

“A Colorado Serviços Ltda., ciente da gravidade dos eventos que foram recentemente divulgados na mídia, envolvendo um ex-colaborador, esclarece as suas imediatas e responsáveis ações, que foram tomadas diante das primeiras denúncias recebidas, inicialmente com a suspeita de envolvimento do colaborador que atuava como auxiliar de limpeza na Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A empresa Colorado, ao tomar conhecimento do ocorrido, ainda que apenas com a suspeita da autoria – já que o colaborador em questão, em principio não possuía conhecimento tecnológico para instalação de câmeras – providenciou o imediato afastamento do acusado das atividades na FGV, bem como ofereceu às vítimas todo o suporte necessário e acompanhamento psicológico e jurídico.

É certo que a Colorado Serviços agiu prontamente ao lado da FGV auxiliando nas investigações, para identificar o(s) responsável(is) e garantir o afastamento imediato de quem quer que fosse acusado pelo crime.

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A Colorado Serviços Ltda. reafirma seu compromisso com o respeito, a segurança e a integridade de todos os seus colaboradores. E reafirma seu repúdio veemente a qualquer violação de privacidade, intimidade e demais condutas que viole direitos, seja de seus colaboradores ou mesmo daqueles ligados aos seus contratantes.

A Colorado Serviços continuará sua busca pelo fortalecimento de suas políticas e medidas de prevenção a fim de a assegurar um ambiente de trabalho seguro e acolhedor para todos. Agradecemos a confiança e o suporte de nossos colaboradores, clientes e parceiros e permanecemos à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais.”

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