Pai e filho são presos por venderem dados do presidente do STF; policiais eram clientes
Pai e filho são presos por invadirem sistemas federais para conseguir dados de autoridades e pessoas públicas. Ministros do STF estão entre as autoridades que tiveram os dados pessoais vendidos. Eles faturaram cerca de R$ 10 milhões com o esquema. Alguns dos compradores eram integrantes das forças de segurança, como policiais
A Polícia Federal prendeu membros de um grupo que movimentou R$ 10 milhões com a venda de dados pessoais como telefone, endereço e veículos de autoridades públicas. Batizada de I-Fraude, a ação da PF investiga os crimes de invasão de dispositivo informático, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Segundo a PF, pai e filho foram presos em Vinhedo (SP) e são acusados de comandar o esquema. Eles não tiveram os nomes divulgados. Entre as autoridades que tiveram os dados pessoais vendidos em uma rede social, está o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com a PF, a quadrilha hackeava sistemas federais, roubava os dados e depois vendia por meio de redes sociais. Membros de facções criminosas e integrantes das forças de segurança, como policiais, estavam entre os ‘clientes’ da organização criminosa. Entenda melhor abaixo.
De acordo com a PF, foi determinado o bloqueio de cerca de R$ 4 milhões das contas dos investigados. Segundo a PF, a operação I-Fraude foi deflagrada nesta quarta-feira (31) em cinco estados do Brasil. A partir das informações coletadas na quarta, a PF pediu a prisão de três suspeitos, incluindo o pai e o filho de Vinhedo. A Justiça Federal autorizou e os mandados foram cumpridos nesta quinta.
Policiais como clientes
Segundo a PF, as suspeitas surgiram depois da identificação de uma invasão de banco de dados de sistemas federais. Informações pessoais de milhares de pessoas, incluindo inúmeras autoridades e pessoas publicamente conhecidas, depois ficavam disponíveis para consulta em um painel.
O painel de consulta era oferecido, principalmente, através de plataformas de redes sociais. Existiam diversos “planos” de mensalidades, de acordo com o número de consultas realizadas. Tal painel contava com aproximadamente dez mil “assinantes” com uma média de dez milhões de consultas mensais.
A PF identificou, dentre os usuários, membros de facções criminosas e até mesmo integrantes das forças de segurança. Com relação a estes últimos, os criminosos ofereciam o serviço de forma gratuita. No entanto, o servidor precisava enviar, para comprovação de identidade, foto de sua carteira funcional.
Dessa forma, os criminosos obtiveram cadastro, com foto, de milhares de servidores da segurança pública e também forneciam esses dados.
As penas para o crime de invasão de dispositivo informático, lavagem de bens ou valores e organização criminosa podem chegar a 23 anos de reclusão.